Month: maio 2010

Poucas coincidências entre as notícias na mídia social e na mídia tradicional

Do Insônia Digital, por Elisa Araújo, em 27/05/10

São sempre ótimos os estudos do Pew Research Center, mas este parece ter sido feito por encomenda para abrir o Insônia Digital. New Media, Old Media é uma pesquisa sobre os hábitos de consumo de notícias na mídia social em comparação com a mídia tradicional. As principais conclusões são que cada plataforma analisada – blogs, Twitter e YouTube – tem sua própria “personalidade” no que se refere ao consumo de notícias; e são poucas as coincidências de assuntos entre a mídia tradicional e a mídia social.

Nos blogs, é a emoção que comanda. Os blogueiros dão atenção a notícias relacionadas a direitos individuais ou de grupos, informações que provocam debates ideológicos, que tocam no nível pessoal, podem ser personalizadas e então compartilhadas.

No Twitter, a tecnologia é o principal assunto. A pesquisa diz ainda que o próprio Twitter é um tema que se destaca, enquanto que a política recebe muito menos atenção. O objetivo dos tuiteiros é passar rapidamente alguma coisa importante, mas fazer isso de maneira que faça sentido para a comunidade (seguidores).

No YouTube, o interesse dos usuários é demonstrado não em comentários, mas na seleção e compartilhamento dos vídeos. O mix de temas é mais internacional, já que não há a barreira da palavra – as imagens não têm barreiras. O que comanda no YouTube é o sentimento de “Ei, você precisa ver isso”, ou seja, a necessidade de compartilhar alguma coisa com forte apelo visual que conquistou o interesse e a curiosidade.

O Pew coletou informações ao longo de quase um ano e só encontrou uma coincidência – foi na semana de 15 a 19 de junho de 2009, quando as eleições iranianas foram o principal assunto nas três plataformas.

Comparados com a mídia tradicional, os blogs só compartilharam os mesmos assuntos principais em 13 das 49 semanas estudadas. No caso do YouTube, o numero cai para 8 semanas. E o Twitter só dividiu os mesmos temas com a mídia tradicional em 4 das 29 semanas em que teve seu conteúdo analisado.

A política, tema que é sempre destaque na TV a cabo e no rádio, encontra espaço nos blogs (17% dos links para matérias, numa semana típica, tratavam do governo ou de política) e no YouTube (21% dos principais assuntos jornalísticos eram sobre politica). Mas tudo muda no Twitter – matérias sobre tecnologia têm liderança inquestionável, representavam 43% dos principais assuntos. Na mídia tradicional, no mesmo período, corresponderam a apenas 1%.

Pesquisa revela como empresas utilizam mídias sociais

Do site Administradores, em 28/05/10

Um estudo realizado pela Deloitte entre fevereiro e março deste ano revela como as empresas têm utilizado as mídias sociais para interagir com seus públicos. A pesquisa mostra que as ações de marketing são maioria nas estratégias voltadas para esses espaços do mundo virtual e que as organizações ainda os aproveitam pouco enquanto plataforma de relacionamento.

Segundo a Deloitte, entre as 302 empresas que participaram do levantamento, 70% afirmaram utilizar alguma ferramenta do mundo virtual. Entre elas, as ações de marketing são as mais realizadas (83%). Apenas 46% utilizam as mídias sociais para capturar oportunidades, 43% para dar suporte aos clientes e 17% para desenvolvimento de inovação por meio de inteligência coletiva. Segundo Fabio Cipriani, gerente responsável pela prática de consultoria em Mídias Sociais da Deloitte, a atenção ao marketing é maior que a dada a outros tipos de atividade porque “as mídias sociais representam um canal de comunicação que atinge milhares de pessoas e a um baixo custo”.

Os departamentos de marketing são responsáveis pelas ações de mídias sociais em 73% das empresas. A diretoria e o setor de comunicação são os que menos se envolvem (5% e 6%, respectivamente), e em apenas 26% das organizações há mais de um departamento envolvido com os canais online.

Outros dados interessantes são os que se referem ao acompanhamento das mídias sociais pelas empresas. Entre as participantes da pesquisa, poucas afirmaram utilizar métricas de estratégia como valor da marca (24%), retorno sobre o investimento (ROI) (18%) e Net promoter score (ferramenta que avalia a fidelização no relacionamento com os clientes) (6%). As preocupações maiores apontadas foram com relação ao número de visitantes recorrentes (71%), visualização de páginas (63%) e frequência de visitas (59%).

Com relação aos segmentos do mercado que mais utilizam as redes sociais, o de serviços aparece em primeiro lugar (38,1%), seguido pelo de varejo, bens de consumo & transporte (20%). O de tecnologia, mídia & telecomunicações aparece em terceiro (19%).

As mídias tipo rede (como Orkut e Facebook) são as mais utilizadas (81%) nas empresas. Mas, os microblogs (como o Twitter) já respondem por 79% e devem assumir a dianteira em breve. Os blogs corporativos aparecem em terceiro, com 70%.

O estudo foi realizado com 302 empresas de diversos segmentos e portes. São Paulo apresentou a maior concentração de respondentes (63%), seguido pelo Rio de Janeiro (7%) e Minas Gerais (6%). 16% das participantes foram companhias multinacionais, e as restantes, 84%, nacionais.

Para ver o relatório da pesquisa na íntegra, clique aqui.

“Socialism” Not So Negative, “Capitalism” Not So Positive – A Political Rhetoric Test

por Charles Derber, em CommonDreams
Tradução de Caia Fittipaldi

Reza a sabedoria convencional que os EUA são país de centro-direita. Pois recente pesquisa conduzida pelo Pew Institute lança dúvidas sobre essa ideia. Alastram-se nos EUA muitas dúvidas e muito ceticismo sobre o capitalismo; e o apoio a alternativas socialistas emerge como força majoritária na nova geração de norte-americanos.

Realizada no final de abril e com resultados divulgados dia 4/5/2010, a pesquisa do Pew – provavelmente a mais respeitada instituição de pesquisas sociais no mundo – entrevistou mais de 1.500 norte-americanos escolhidos ao acaso e anotou as reações a expressões como “capitalismo”, “socialismo”, “movimentos progressistas”, “movimentos de cidadãos” e “milícias”.

As descobertas mais surpreendentes têm a ver com as reações a “capitalismo” e “socialismo”. Não se pode saber com certeza o que as pessoas pressupõem ao usar essas palavras; os resultados, portanto, têm de ser interpretados com cautela e no contexto de outras atitudes mais específicas em questões práticas da vida diária, como adiante se discute.

O Instituto Pew resume os resultados já no título da pesquisa: “Nem o socialismo é tão ruim, nem o capitalismo é tão bom.” De fato, o drama subjacente a alguns dos dados é bem mais complexo que isso.

Sim, o “capitalismo” ainda é visto positivamente pela maioria dos norte-americanos. Mas por uma pequena maioria. 52% dos norte-americanos reagiram positivamente àquela palavra. 37% mostraram reação de recusa; o restante disse que “não tem certeza”.

Há um ano, pesquisa do grupo Rasmussen chegou a resultados bem semelhantes. Naquela época, apenas 53% dos norte-americanos descreveram o capitalismo como “superior” ao socialismo.

Pela pesquisa Pew, agora, 29% dos norte-americanos reagiram positivamente à palavra “socialismo”. A quantidade dos positivos aumenta muito, quando se consideram alguns subgrupos-chave. Pesquisa do Gallup, em 2010, descobriu que 37% do total dos norte-americanos consideram o socialismo “superior” ao capitalismo.

É preciso ter em mente que esses números refletem um panorama geral muito amplo da opinião pública, em momento no qual as ideias da Direita dominam os meios de comunicação – com o “Movimento Tea Party” apresentado como barômetro da opinião pública média nos EUA. Pesquisa que se faça nesse momento, absolutamente não sugere um país socialista; mas, tampouco, um país apaixonado pelo capitalismo.

Os EUA não vivem tempos de dominação de alguma “centro-direita”. O que se vê é que quase metade da população ou ainda não se decidiu sobre a questão, ou está posicionada claramente contra o capitalismo. Alguns Republicanos e o Movimento Tea Party classificariam esse país, sem vacilar, como “país comunista”!

E a coisa fica ainda mais interessante, se se consideram dois subgrupos vitalmente importantes: de um lado, os jovens, “a geração do milênio”, hoje entre 18-30 anos. Na pesquisa do Instituto Pew, apenas 43% dos jovens com menos de 30 anos consideram positivamente o “capitalismo”.Mais surpreendentemente, 43% do mesmo grupo considera positivo “o socialismo”. Em outras palavras, a nova geração está rachada, praticamente ao meio, entre capitalismo e socialismo.

Os três institutos de pesquisa, Pew, Gallup e Rasmussen chegaram à mesma conclusão. Os jovens norte-americanos já não podem ser considerados como “geração capitalista”. São metade capitalistas, metade socialistas. Dado que continua a aumentar o número de jovens que reagem positivamente a “socialismo”, pode-se concluir – dependendo, é claro, do que se entenda por “socialismo” – que os EUA caminham para converter-se em país de Centro-esquerda ou, de fato, de maioria socialista.

Consideremos agora os partidos Republicano e Democrata. 62% dos Republicanos na pesquisa Pew consideram positivamente “o capitalismo”, mas 81% consideram positivo “o livre mercado” – o que sugere que há importante diferença de conceito, para os Republicanos, entre capitalismo e livre mercado. Até os Republicanos preferem pequenas empresas a grandes empresas, mas a diferença é pequena entre os que veem positivamente e os que veem negativamente as grandes empresas – o que para muitos, por boas razões, sugere que a força monopolística do capitalismo está minando o bom conceito de que gozaram os livres mercados.

A parte mais interessante, contudo, é a dos Democratas. Nos últimos tempos, nos EUA, todos ouvimos falar incessantemente dos “Blue Dog Democrats*”. Ao contrário do que faz crer o barulho que a mídia faz em torno deles, são minoritários entre os eleitores. A pesquisa Pew revelou que a base dos Democratas é surpreendentemente progressista. No mínimo, estão divididos quase exatamente ao meio, na avaliação positiva para “capitalismo” e “socialismo”. 47% dos eleitores Democratas veem “capitalismo” como positivo; 53%, como negativo. E 44% dos eleitores Democratas veem “socialismo” como positivo – ond e se vê que a negatividade sobre “capitalismo” correlaciona-se à positividade sobre “socialismo”.

Mais do que isso, vários subgrupos reagem negativamente a “capitalismo”. Menos de 50% das mulheres, os grupos de baixa-renda e os grupos de mais baixa escolaridade descrevem “capitalismo” como positivo.

A realidade, ao contrário, outra vez do que se ouve, é que Obama parece ter, sim, forte base progressista que se pode mobilizar. De fato, a palavra “progressista”, como mostra a pesquisa Pew, é um dos termos mais positivamente considerados de todo o vocabulário político norte-americano. – Substancial maioria, em praticamente todos os subgrupos, definem “progressista” como positivo.

Pode-se argumentar que nada disso significa coisa alguma, porque não se pode saber como os entrevistados definem “capitalismo” e “socialismo”. Mas nas pesquisas que tenho feito, publicadas em livros recentes como The New Feminized Majority e Morality Wars, e várias atitudes registradas em pesquisas para investigar questões concretas ao longo dos últimos 30 anos confirmam as conclusões da pesquisa Pew, pelo menos no que tenha a ver com os EUA estarem a caminho de converter-se em país de Centro-esquerda.

Em praticamente todas as grandes questões sociais — do apoio aos sindicatos e lutas pelo salário mínino, preferir vias diplomáticas à guerra, preocupação com o meio ambiente, opinião de que o “big business” está corrompendo a democracia, ao apoio aos principais programas sociais do governo –, inclusive Seguridade Social e Saúde Pública, a posição dos mais progressistas tem-se mantido consistentemente forte e relativamente estável. Se se entender que “socialismo” pode bem significar “apoio a esses programas”, facilmente se pode concluir que, sim, os EUA caminham para converter-se em país de centro-esquerda.

Se o socialismo significa alternativa genuína de sistema, então os EUA, sobretudo os jovens, estão emergindo como país majoritariamente social-democrata, ou, no mínimo, como país que deseja uma ordem mais cooperativa, mais verde, mais pacífica e socialmente mais justa.

As duas interpretações são, como todas as interpretações, manifestações de desejos. Mas ajudam a garantir aos progressistas que, mesmo na “Era do Movimento Tea Party”, apesar dos muitos perigos e da concentração sempre maior do poder e da riqueza das grandes empresas, ainda há base, na população, para implantar melhores políticas progressistas. Temos de mobilizar a população, fazê-los entender o que de fato são e podem; e por o governo Obama e o Partido Democrata desmoralizado em ‘fogo alto’, para fazê-los pular. Se fracassarmos, a Direita assumirá as rédeas e imporá seu monopólio capitalista sobre uma população de eleitores desentendidos, desorientados e mal informados.

* São os 52 deputados Democratas considerados ‘linha dura’, que fizeram oposição à reforma da Saúde do presidente Obama e à regulação dos mercados. Para saber mais, ver “A Brief History of the Blue Dog Democrats”, Claire Suddath, 28/7/2009, Time, em http://www.time.com/time/politics/article0,8599,1913057,00.html

Charles Derber é professor de Sociologia no Boston College. É autor de Corporation Nation and Greed to Green. Trabalha atualmente na coordenação do Projeto Majority Agenda (http://MajorityAgendaProject.org/ i…@majorityagendaproject.org)

Focus ou Unfocus Groups?

Do Blue Bus, em 18/05/10, por Tania Savaget


Já participei e ainda oriento alguns dos nossos clientes a promover focus groups para gerar insights para suas marcas. Pesquisas qualitativas, com grupos adequados, trazem informações, validam ou não alguns conceitos, reforçam ou nos fazem abandonar algumas ideias. Só acho que as pessoas do grupo, quando se percebem entre “iguais”, ficam um pouco envergonhadas de dar opiniões diferentes do “papel” esperado.

Temos feito encontros mais informais, que chamamos de ‘unfocus groups’, expressão de uma empresa de inovação que admiro muito. Neste caso, não se trata de uma pesquisa quali ou quanti, mas de uma geração de ideias mais livres e amplas. A ideia é falar com pessoas que têm visões bem diferentes e particulares de um mesmo assunto. Há pouco tempo, para falar sobre produtos chamados de “primeiros socorros”, convidamos um atleta, uma mãe, um médico, um hipocondríaco, uma manicure, uma enfermeira e chegamos a resultados muito interessantes.

Pense no significado de um esparadrapo para um atleta, que vive se machucando; para uma bailarina, que fica na ‘ponta’ 12 horas por semana; para uma enfermeira que trabalha num pronto socorro; para um hipocondríaco que gosta de acumular coisas que podem ser usadas numa “emergência”? São visões muito interessantes. E o melhor: como cada um sabe que está ali para representar um “papel” único no grupo, arrisca mais com total segurança. Tente fazer um e veja como é eficaz e divertido :- ).

Há 50 anos, ‘’Estado’’ publicava 1ª grande pesquisa sobre favela

Do Estadão, em 16/05/10, por Felipe Werneck

A cidade do Rio tinha 94 favelas há 50 anos, quando o Estado publicou em dois suplementos o resultado do estudo “Aspectos Humanos da Favela Carioca”, encomendado pelo jornal e coordenado pelo sociólogo José Arthur Rios, hoje com 88 anos.

Foi a primeira grande pesquisa realizada sobre o tema na então capital do País, diz o antropólogo Marco Antonio Mello, de 62, coordenador do Laboratório de Etnografia Metropolitana (LeMetro), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Seria possível dizer que os sociólogos e antropólogos que estudam cidades e sobretudo o Rio se dividem até hoje entre aqueles que leram “Aspectos Humanos da Favela Carioca”, os que ouviram falar e aqueles que não leram. Não havia nada semelhante feito até então sobre essas áreas. Foi muito importante para várias gerações de pesquisadores brasileiros.”

Agora, no cinquentenário da publicação, será realizado o colóquio “Aspectos Humanos da Favela Carioca: ontem e hoje”. Durante três dias, a partir de quarta-feira, o tema será debatido no salão nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ, no Largo de São Francisco, no centro. Está prevista a participação de cerca de 50 palestrantes, entre eles a socióloga Licia do Prado Valladares, autora de análise do programa de remoção de favelas do Rio editada em 1978, “Passa-se uma Casa”, que virou um clássico. As antropólogas Janice Perlman, dos Estados Unidos, e Colette Pétonnet, da França, vêm para o evento.

A pesquisa publicada pelo Estado foi realizada pela Sociedade de Análises Gráficas e Mecanográficas Aplicadas aos Complexos Sociais (Sagmacs), sob orientação do padre francês Louis Joseph Lebret, que fundara na década de 1940 o movimento Economia e Humanismo. O trabalho durou dois anos. Nos dias 13 e 15 de abril de 1960, uma semana antes da inauguração de Brasília, os tabloides chegaram às bancas, com 88 páginas.

Coordenador do colóquio, Mello diz que “paradoxalmente questões colocadas pelo estudo permaneceram ignoradas pela grande maioria dos planejadores urbanos”. “Por exemplo: o mito de que a favela é uma comunidade. Essa ideia de comunidade foi uma coisa trágica”, diz ele. “O estudo mostra a profunda diferenciação interna desses grupos. Que há interesses, estilos, expectativas, trajetórias, origens e formas de sanção internas distintas. Mostra que não existe a favela, mas favelas.”

Só 1,7% das cidades têm delegacias da mulher

Do iG, em 13/05/10, por Matheus Pichonelli

Pesquisa mostra ainda que apenas 18,7% dos municípios possuem organismos voltados à temática de gênero

IBGE mostra o retrato dos municípios brasileiros. Veja os principais pontos da pesquisa

Embora no Brasil existam leis específicas de combate à violência contra mulher, apenas 397 dos 5.565 municípios do País possuem atualmente delegacias de polícia especializadas no atendimento a essas vítimas. Isso significa que, de cada cem cidades brasileiras, apenas sete possuem entidades responsáveis para apurar casos específicos de agressão contra mulheres. Dessas, 192 estão no Sudeste.

Maioria da população, as mulheres dispõem atualmente de casas-abrigo em apenas 262 municípios e centros de referência de atendimento em somente 559 cidades. Para todo o País existem 469 núcleos especializados de atendimento às mulheres nas defensorias públicas e 274 com juizados especiais de violência doméstica e familiar. Entre as cidades com casas-abrigo, por exemplo, 35% estão no Sudeste – enquanto na Paraíba não existe uma instituição como essa.

Os dados constam da mais recente pesquisa sobre o Perfil dos Municípios Brasileiros – Gestão 2009 (Munic), do IBGE. Pela primeira vez, o levantamento tratou de questões como direitos humanos, Saúde e políticas de gênero nas administrações municipais. Os resultados apontam que o Brasil ainda possui um longo caminho até que os grupos vulneráveis da população passem a ser tratados como prioridades no âmbito das instituições locais.

Política de gênero

Exemplo disso é que atualmente apenas 18,7% dos municípios possuem organismos voltados à temática de gênero. Enquanto o percentual chega a 90% em cidades com mais de 500 mil habitantes, o número é de 10,3% em locais com menos de 5 mil habitantes. Entre os municípios nordestinos, 417, ou quase um quinto do total, possuem estruturas de políticas para as mulheres – mais do que em todo o Sudeste, com 262 municípios. Em Roraima, no Norte do País, não há nenhum organismo dessa natureza.

O instituto, no entanto, ressalta em seu relatório que a existência de organismos de políticas para mulheres não assegura condições de desenvolvimento adequado dos trabalhos. De acordo com a avaliação, a escassez de recursos humanos e financeiros é um fator que ainda impede uma articulação adequada entre gestores e população.

Segundo o IBGE, desde 2004 os órgãos da administração pública federal trabalham segundo as orientações do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, cuja municipalização e estadualização têm sido estimuladas. Os trabalhos, porém, ainda são incipientes. Prova disso, segundo o instituto, são os dados da Munic que apontam que apenas 193 municípios, ou 3,5% do total, possuíam planos municipais de políticas para as mulheres. Destes, 74 são municípios do Nordeste. Ou seja: em muitos casos, há estrutura, mas não trabalhos efetivos de combate à violência doméstica.

A pesquisa apontou que existem no País mais municípios desenvolvendo ações de gênero em parceria do que municípios com mecanismos próprios: são 1.799 contra 1.043. Grande parte das ações executadas em parceria se dá por meio do apoio da própria administração pública municipal (64,0%), seguida dos governos federal e estadual (33% e 32%, respectivamente) e organizações não governamentais (29%). Outros 2% dos municípios desenvolvem atividades em conjunto com organizações religiosas.

O levantamento mostra também que quanto maior o município “mais intenso é o direcionamento de esforços e recursos para o desenvolvimento de ações” para a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), negros e indígenas. O número de prefeituras que possuem programas para esses grupos é de 130 (2,3% do total), enquanto a estimativa é que 24,9% da população pertençam a algum desses grupos.

Apenas 92 cidades, ou 1,7% do total, reconhecem direitos da população LGBT. Isso significa que 39,7 milhões de habitantes desses municípios, que representam 20,8% da população brasileira, são cobertos por alguma legislação específica. Dessas cidades, 24 estão situadas em oito regiões metropolitanas. Isso também é bacana

Direitos Humanos

A pesquisa apontou ainda que apenas 79 municípios brasileiros possuem conselhos municipais de direitos humanos, dos quais 44 não possuem sequer órgão gestor responsável por implementar uma política para o setor. Detalhe: apenas 57 desses conselhos realizaram reuniões nos 12 meses anteriores à pesquisa. Um quarto dos municípios tem algum tipo de estrutura específica para direitos humanos – no Piauí, estava presente em 75% das cidades.

Em relação às crianças, outro dado da pesquisa é que, embora o Estatuto da Criança e do Adolescente preveja que todos os municípios brasileiros devam ter pelo menos um Conselho Tutelar, em 92 cidades (21 só em Minas Gerais) eles simplesmente não existem.

Outro avanço constatado pela pesquisa foi que em dez anos foram criados novos conselhos tutelares, que foram instalados em quase todos os municípios do País (98,3%, contra 55% de 1999). Já a questão dos idosos também ganhou importância, sobretudo a partir do Estatuto do Idoso, de 2003. Hoje, quase 60% dos municípios possuem ações voltadas para este público.

Minorias étnicas também passaram a ganhar relevância pelo País nos últimos anos: atualmente, 290 municípios já reconheceram a existência de acampamentos ciganos em seus territórios, o que dá a possibilidade, segundo o instituto, de se promover inclusão sociocultural dessas comunidades.

O novo conceito de “internet das coisas”

Do G1, por Leopoldo Godoy

Saiba como a ‘internet das coisas’ vai mudar seu cotidiano em breve

Geladeiras e até latinhas de cerveja vão ficar ‘inteligentes’

Já pensou como será ótimo se a sua geladeira avisasse quando o leite estivesse vencido? Ou que comprasse automaticamente mais latas de sua cerveja favorita quando a bebida acabasse? E que tal um equipamento que calcula quanto tempo você vai levar no trânsito até o local de seu primeiro compromisso do dia, ajustando seu despertador para tocar na hora certa?

A princípio, é fácil confundir essa história com um roteiro de cinema. Mas estamos falando de tecnologias reais, que prometem estar cada vez mais presente na vida das pessoas. A chamadada “internet das coisas” representa um conjunto de invenções que permitirão aos objetos – comuns, do cotidiano – se conectarem à rede e passarem a interagir entre eles e com as pessoas.

O exemplo clássico é o da geladeira inteligente, capaz de identificar a falta de alimentos no estoque, buscar receitas em sites especializados e acrescentar produtos à lista de compras do supermercado, aprovada e confirmada pela internet com um clique pelo usuário. Os próprios objetos seriam responsáveis por essa interação: um chip na caixa de leite, por exemplo, avisa o aparelho da proximidade da data de vencimento. Ao sair da geladeira, a última cerveja avisa, eletronicamente, que é preciso comprar mais.

Mas a tecnologia pode ter diversas aplicações. No transporte público, por exemplo, é possível ser avisado do horário exato em que um ônibus passará pelo ponto. A companhia responsável pelos coletivos, por sua vez, pode ser avisada caso ocorra um fluxo acima do normal de passageiros em um corredor, colocando mais veículos em operação naquela linha. Tudo praticamente sem intervenção humana, gerenciado pela inteligência das máquinas.

A Apple, criadora do iPod, do iPhone e do iPad, já se utiliza de conceitos da “internet das coisas”. A empresa firmou uma parceria com a Nike para instalar chips em tênis de corridas, que passam a ser capazes de monitorar os exercícios físicos.

Há também aplicativos que colocam em contato todos os sistemas de gerenciamento de uma casa: é possível, por exemplo, ligar a irrigação do jardim, mesmo estando do outro lado do mundo. Seu telefone celular também te avisa, pelo celular, se você esqueceu o ferro de passar ligado. O aquecedor de água conectado a sua agenda sabe a hora exata do banho, e entra em funcionamento automaticamente.

(…)

O que é a internet das coisas? É um equipamento específico?

Não. A internet das coisas é um conceito que reúne diversas tecnologias que têm se desenvolvido nos últimos anos. Os pilares que garantem a transformação dessa ideia em realidade são os sensores RFID (sigla em inglês para identificação por radiofrequência), as redes sem fio ubíquas (ou seja, presentes em todos os lugares) e a mudança do protocolo de internet para a versão IPv6.

Atualmente, o protocolo IPv4 só é capaz de “contar” até 4 bilhões. Ou seja, só podemos dar endereços diferentes para um número limitado de computadores, telefones celulares e equipamentos conectados à rede. Na internet das coisas, cada objeto precisa de um endereço próprio. É aí que entra o IPv6. Ele garantirá códigos diferentes para uma quantidade praticamente infinita (mais precisamente, 340.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000… ou 340 undecilhões!) de objetos.

Já existem aplicações que fazem uso desse conceito?

Sim. A parceria entre a Apple e a Nike, por exemplo, já dá uma boa noção de como será a comunicação inteligente dos objetos no futuro. Também existem sistemas que utilizam etiquetas RFID ou mesmo em QRCode (versões mais modernas do velho código de barras) para armazenar a história de cada objeto.

Outro produto que se aproveita da internet das coisas é um pequeno robô chamado Nabaztag, criado pela empresa americana Violet. Parece um coelhinho inofensivo de brinquedo, que fala, mexe as orelhas e pisca luzes coloridas. Mas dependendo da cor que ele assume, Nabaztag comunica a chegada de novos e-mails, informa a previsão do tempo, a situação das estradas e até o comportamento das bolsas de valores, tudo em tempo real.

Quero trabalhar no desenvolvimento de aplicativos para a internet das coisas. Quais os grandes centros de estudo sobre esse assunto?

Os dois maiores polos mundiais de pesquisa em conectividade de objetos são o Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, e a Universidade de Manchester, na Inglaterra, sede da conferência anual “The Future of Things” (em português, “o futuro das coisas”).

Leia também: Pode a RFID sobreviver à “Internet das Coisas”?

Anúncio para ver molhado

Do Blue Bus, por Julio Hungria – 13/05/10

A DM9 manda molhar a página do encarte para ver o anúncio

Um encarte do Purificador de Água Brastemp, criado pela DM9, exibe aos leitores da revista onde foi veiculado 1 anúncio impresso com tinta especial – quando molhado, revela o nome de inúmeras bactérias que ‘podem estar’ presentes na água de casa. A agência quer saber se o leitor acha que a água que bebe é pura. ‘Vende’ o Purificador Brastemp, “sistema de tripla filtragem, que elimina 100% das bactérias e impurezas da água”. Criação de Marcos Abrucio, Caio Cassoli e Ulisses Razaboni, com direção de criação de Sergio Valente, Rodrigo Almeida, Renata Florio e Moacyr Netto.

Dados atuais sobre o uso do Twitter

Do Blue Bus – 12/05/10

Novos dados sobre o microblog Twitter foram divulgados nesta 4a feira durante o evento Smash Summit, em São Francisco. Com 105.779.710 usuários, o serviço cresce 300 mil usuários a cada dia. Ou pouco mais de 8% ao mês. Em relação à busca, que oferece uma visão em tempo real sobre o que a internet pensa sobre determinado assunto, o número é ainda mais interessante, são 600 milhões de queries/dia.