Qualidade dita o consumo
Do Diário do Nordeste, em 21/03/10
Com maior poder de consumo as classes C, D e E exigirão cada vez mais: melhores produtos, melhor qualidade de vida e até melhores governos. As palavras de ordem são o acesso e a qualidade. Dessa forma, as marcas que souberem conjugar a melhor relação custo-benefício serão recompensadas com a sua fidelidade. “São pessoas que preferem pagar mais se reconhecem e utilizam ao máximo as funcionalidades dos produtos”, explica Renato Meirelles, do Data Popular. Nesse sentido, o estudo aponta que as marcas não podem errar: “o produto precisa durar o mês inteiro, agradar a família e funcionar. O baixo preço chama a atenção e estimula a experimentação, mas ele precisa entregar o que promete”.
Uma outra característica inerente ao comportamento deste consumidor é que cada vez mais proximidade geográfica e relacionamento estarão ligados. Segundo a pesquisa, não são raros os casos de quem vai todos os dias ao mercado, perto de casa. Ele tem conhecimento de todas as promoções e não perde uma e, quando falta dinheiro, consegue comprar fiado na mercearia da esquina. “É a relação de confiança mútua entre o pequeno varejo e o consumidor. O canal de venda ocupará cada vez mais espaço no bolso e no seu coração”, afirma Meirelles. Segundo ele, para se ter uma ideia, enquanto 30% dos consumidores emergentes optam pelo varejo tradicional, 71% dos da classe C fazem compras a pé. Mas, vale destacar que as lojas de departamento são o principal elo entre a relação variedade, ofertada pelos shoppings e os preços mais em conta, característicos das lojas de rua. Não é à toa que 74% das mulheres da classe C costumam fazer compras nesse tipo de estabelecimento, ante 54% nas classes AB e 43% para as classes DE (ADJ)
MELHOR PREÇO
81% têm o hábito de pesquisar em várias lojas
No cotidiano do consumidor de baixa renda, a pesquisa faz parte do processo de compra. Segundo estudo do Data Popular, 81,5% desses consumidores faz pesquisa de preço em várias lojas antes de efetuar uma compra. Todas as famílias das classes D e E entrevistadas se valem das pesquisas. Afinal, uma redução de 10% no valor de uma geladeira pode representar até 25% do seu salário.
Ainda de acordo com a pesquisa, ruas e bairros tipicamente comerciais são o termômetro de consumo das classes C, D e E. O sucesso é tanto, que algumas se tornaram alavancas do turismo, o chamado turismo de compras, como ocorre na rua 25 de março e no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, ou na feira da rua José Avelino, no Centro de Fortaleza, e ainda na avenida Monsenhor Tabosa, também na Capital cearense.
Sem vergonha de pechinchar
E são exatamente nas lojas de rua onde esse público não tem vergonha de pedir desconto e onde mais pechincha. Para o superintendente da Fecomércio/CE, Alex, Araújo, isto se explica pela percepção que a baixa renda tem de o shopping ser um local mais elitizado. “Diferente da loja de rua, onde ela tem espaço para negociar. O comportamento chega a ser diferente entre um local e outro”.
Conforme a pesquisa, nos últimos seis meses enquanto 50% dos consumidores das classes AB fez algum tipo de pechincha, nas classes C e DE esse porcentual pula para 75% e 89,5%, respectivamente. (ADJ)