Entidades

Nova diretoria da ASBPM

Tomou posse a nova diretoria da ASBPM (gestão 2014-2016). O evento aconteceu no dia 27/09/14 e reuniu pesquisadores e representantes de empresas e associações na sede da ABA, na Av. Paulista.

Presidida por Rubens Hannun, a nova gestão tem, entre seus pilares de atuação, a qualificação dos profissionais, a regulamentação da profissão e a reconstrução do protagonismo do pesquisador.

Cíntia Corrales, diretora da Network, colaborará nesta gestão, na Secretaria.

Convite da Posse

Escola é determinante para o fim da homofobia, diz pesquisador

Do Priscilla Borges, iG Brasília, 26/05/2011

Sozinha, a escola não será capaz de combater o preconceito contra gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis. Mas o ambiente escolar é o local mais promissor para por fim à homofobia. Essa é conclusão de um estudo realizado pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo Stiftung (RLS), em 150 municípios brasileiros em todas as regiões do País. Por isso, Gustavo Venturi, coordenador do estudo, defende que o debate sobre esse tipo de discriminação faça parte das aulas, inclusive na infância.

De acordo com os dados da pesquisa, que será transformada em livro este mês, enquanto metade dos brasileiros que nunca frequentou a escola assume comportamentos homofóbicos, apenas um em cada dez brasileiros que cursaram o ensino superior apresentam o mesmo comportamento. O estudo realizado entre 2008 e 2009 com 2.014 pessoas também avaliou as diferenças de preconceito entre as regiões, idade da população, renda, religião. Nenhuma das variáveis apresentou diferença tão drástica de comportamento, segundo Venturi.

Mais estudo, menos preconceito

Segundo a pesquisa da Fundação Perseu Abramo, a variável que mais determina o nível de preconceito das pessoas é a escolaridade. Há uma grande diferença de preconceito entre quem nunca foi à escola e quem concluiu o ensino superior .

Pesquisa Diversidade sexual e homofobia no Brasil, da Fundação Perseu Abramo

“Isso mostra como a escola faz diferença no combate à homofobia. Só a escolaridade maior não resolve o preconceito, mas influencia fortemente a formação dessas pessoas”, afirma. Para o pesquisador, além de ser um espaço para convivência com as diferenças, a escola pode promover o debate de forma educadora e transformar a percepção de preconceitos arraigados à população. O estudo revelou que o brasileiro ainda não é tolerante com as preferências sexuais de familiares, de colegas de trabalho ou de vizinhos: um quarto dos entrevistados admitiu ter preconceito e agir de forma homofóbica.

Para o pesquisador, que queria entender a cara da homofobia no País quando começou o estudo, as diferenças de preconceito de acordo com a idade e o sexo também são importantes. As mulheres são mais tolerantes que os homens em todas as idades. Mas o índice de homofobia entre os meninos adolescentes chamou a atenção de Venturi. Entre os rapazes com idade entre 16 e 17 anos, 47% dos entrevistados admitiram preconceito contra gays, lésbicas, travestis. “Esse é mais um sinal da importância da escola. Esse é um momento que o jovem é muito pressionado a fazer definições de identidade”, diz.

Homofobia entre os homens

A pesquisa da Fundação Perseu Abramo constatou que os homens têm mais preconceito contra homossexuais do que as mulheres. Os adolescentes lideram a homofobia (autodeclarada) junto com os idosos.

Homofobia entre as mulheres

O preconceito contra homossexuais entre a população feminina é maior entre as idosas, segundo a pesquisa da Fundação Perseu Abramo.

O estudo mostra que o comportamento homofóbico variou pouco entre as regiões (o maior ficou na região Nordeste, 28% da população, e o menor na Sudeste, 22%), de acordo com a renda (de 31% entre quem ganha até um salário mínimo e 20% entre quem ganha de cinco a dez salários mínimos, entre os mais ricos sobe para 23%) ou com o ambiente onde cresceu (índice de homofobia de 22% entre quem só viveu na cidade e de 38% entre quem cresceu no campo). Entre as religiões, 10% dos kardecistas declararam preconceito (o mais baixo) contra 31% dos evangélicos entrevistados (o mais alto).

Traumas

Gustavo lembra que a pesquisa também entrevistou 413 homossexuais ou bissexuais (com mais de 18 anos e também em todas as regiões brasileiras), e a escola foi apontada por eles como um dos locais onde mais sofreram discriminação. Um terço dos entrevistados já foi discriminado por familiares e 27% sofreram preconceito de colegas da escola. E, para 13% deles, a primeira discriminação ocorrida por causa de orientação sexual ocorreu na escola.

“Mudar a legislação é importante porque você diminui os espaços nos quais você pode declarar seus preconceitos. E, para serem reproduzidos, eles precisam ser ditos. A falta de legislação contra a homofobia gera tolerâncias com esse tipo de comportamento. Mas discutir o tema é muito importante também”, afirma Venturi.

Como o iG havia mostrado em dezembro do ano passado, o Ministério da Educação planejava adotar um kit contra a homofobia nas escolas públicas de ensino médio. O material, chamado de Escola sem Homofobia, foi produzido por organizações não-governamentais contratadas pelo MEC durante dois anos. O plano era distribuir o kit – composto manual, vídeos e outros materiais de apoio ao professor – a seis mil escolas ainda este ano.

Apresentados em algumas audiências no Congresso Nacional, os vídeos levantaram polêmica, especialmente entre os parlamentares de bancadas religiosas que, na tarde de quarta-feira, se reuniram com a presidenta Dilma Rousseff e conseguiram a suspensão da produção e distribuição do material pelo Ministério da Educação. Nesta quinta-feira, o ministro Fernando Haddad deve se reunir com a presidenta para ser comunicado oficialmente da decisão. No Ceará, onde cumpriu agenda nesta quarta-feira, Haddad disse que o assunto está encerrado, o governo chegou a um acordo e ele não vai mais falar sobre o tema.

De acordo com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, a presidenta não teria gostado do tom das produções. O deputado carioca Antony Garotinho (PR-RJ) admitiu que, para convencer o governo a suspender a produção do material, a bancada evangélica da Câmara ameaçou não colaborar com os projetos do Executivo.

Repercussões

Além de o tema ter movimentado as redes sociais, com opiniões contrárias e a favor da decisão, a suspensão foi criticada por especialistas no assunto. Para eles, o veto de Dilma ao material representa um retrocesso para as discussões de igualdade de direitos humanos. Para Débora Diniz, professora da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora da Anis: Instituto de Bioética Direitos Humanos e Gênero, não há forma mais eficaz de promover a igualdade de direitos do que introduzir na escola a sensibilização para o tema de forma pedagógica.

“Há uma pressão indevida e desnecessária de grupos religiosos para isso. Não havia nada que ameaçasse a religião ou a integridade de crenças no material”, garante. Débora lembra ainda que as crianças e os adolescentes são mais abertos à discussão sobre promoção de cidadania e discriminação e, por isso, a escola tem de assumir o papel de conversar sobre o tema. Angela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), teme mais atrasos na discussão sobre preconceito dentro da escola.

“É responsabilidade da área educacional discutir esse tema. Há muitas coisas que podem melhorar no material, mas ele não é de má qualidade. O Manual das Coisas Importantes, que faz parte do kit, por exemplo, é muito bonito e bem feito”, afirma. Angela espera que a presidenta volte atrás em sua decisão. “O material é necessário para os professores qualificarem a discussão e terem apoio, mas a falta dele não pode justificar a omissão de trabalhar o tema na escola”, ressalta.

Maria Helena Franco, coordenadora de criação dos vídeos que fazem parte do kit Educação sem Homofobia, produzidos pela Ecos – Comunicação em Sexualidade, lamenta a decisão da presidenta. Ela afirma que há muitas pessoas criticando o material sem conhecer seu conteúdo. “O foco desse material é levar para as escolas de ensino médio e para educadores e educadoras uma ajuda para erradicar a homofobia. É um apoio que faz falta para eles”, diz.

Mulheres ganham 76% do salário pago aos homens, aponta Dieese

Do Valor, por Francine De Lorenzo – 02/03/11

Embora a participação das mulheres no mercado de trabalho tenha crescido na última década, com grau de instrução superior ao dos homens, os salários delas continuam sendo menores, de acordo com estudo realizado pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), na região metropolitana de São Paulo.

Segundo o levantamento, as mulheres ganham 75,7% do valor pago aos homens para o desempenho das mesmas funções. A diferença de remuneração, entretanto, caiu se comparado ao ano de 2000, já que naquela época o salário das mulheres equivalia a 73,6% do salário dos homens.

Nos cargos com nível superior completo, a diferença de remuneração entre homens e mulheres é maior: elas recebem 63,8% do valor pago a eles para as mesmas funções, menos que em 2000, quando esse percentual era de 65,2%.

Na última década, a escolaridade das mulheres melhorou, com 17,1% das profissionais apresentando ensino superior completo. Em 2000, esse percentual era de 12,9%. Entre os homens, apenas 13% apresentam nível superior completo, embora tenha havido um avanço frente aos 10,8% registrados no início da década passada.

Entre 2009 e 2010, a participação feminina no mercado de trabalho (proporção das mulheres com idade acima de dez anos em situação de ocupadas ou desempregadas) subiu de 55,9% para 56,2%, enquanto que para os homens, o indicador ficou praticamente estável, passando de 71,5% para 71,6%.

A taxa de desemprego total entre as mulheres diminuiu pelo sétimo ano consecutivo em 2010, passando de 16,2% em 2009 para 14,7%. “Para a população feminina foram gerados 163 mil postos de trabalho, volume suficiente para absorver as 99 mil mulheres que ingressaram na força de trabalho metropolitana e reduzir em 64 mil o contingente de desempregadas”, destaca o estudo.

O resultado, de acordo com as entidades, reflete a melhora na educação das mulheres. Se em 2000 a maior parte da População Economicamente Ativa (PEA) com nível superior era composta por homens (51,3%), hoje essa posição é ocupada pelas mulheres (53,6%). O nível de ocupação dos profissionais com escolaridade superior cresceu mais rapidamente entre as mulheres do que entre os homens. Para o Dieese/Seade, se esse ritmo for mantido, “é de se esperar que, em poucos anos, as mulheres também passem a ser maioria no conjunto do ocupados”.

Três em cada dez mulheres deixa emprego para cuidar dos filhos

Pesquisa aponta que mães têm apoio dos homens para deixar emprego

Do Metro – 01/03/11

Em famílias com filhos pequenos, o homem deve trabalhar, e a mulher ficar em casa cuidando das crianças. Isso é o que pensa a maioria dos brasileiros, de acordo com a pesquisa “Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado”, realizada no ano passado pela Fundação Perseu Abramo e pelo Sesc.

Entre as entrevistadas, 75% concordam com essa ideia. Entre os homens, 79%. E esse é, segundo o estudo, o principal motivo para as mulheres nunca terem trabalhado ou terem largado o emprego em 2010.

Enquanto 28% dizem que nunca trabalharam por essa razão, 30% largaram os empregos porque ficaram grávidas ou para se dedicar às crianças.

Outra ideia ainda forte é a de que os homens devem sustentar a casa. Com isso concordam 51% das mulheres e 62% dos homens.

Foto: Joy Zaehringer/ Freerange Zoom
Pesquisa aponta que mães têm apoio dos homens para deixar emprego

Outros temas

A pesquisa também traz dados sobre violência doméstica, aborto e satisfação com a aparência. A barriga e o peso são os principais motivos de queixas entre as mulheres. Do total, 47% disseram estar insatisfeitas com algo em seu corpo, sendo que 15% apontaram a barriga, e 14%, o excesso de peso.

Quando o assunto é a vida sexual, 68% disseram estar totalmente satisfeitas. Entre elas, a maioria (41%) teve a primeira relação entre os 16 e os 18 anos. Além disso, uma em cada quatro mulheres fez sexo pela primeira vez até os 15 anos, e 7%, com mais de 25 anos.

Um dado preocupante é que apenas 25% disseram ter usado camisinha na última relação sexual (entre os homens, foram 30%). O motivo apontado pela maioria para o não uso do preservativo foi a confiança no parceiro.

Violência

A violência doméstica já atingiu 40% das brasileiras, sendo que as mais frequentes são o controle das atividades e a agressão ou ameaça, tanto física quanto psíquica.

A pesquisa aponta que 8% dos entrevistados contaram já ter batido na parceira, sendo que 6% deles acham que “uns tapas de vez em quando é necessário”. Para os outros 2%, “tem mulher que só toma jeito apanhando”. O estudo ouviu 2.365 mulheres e 1.181 homens, com mais de 15 anos.

Pesquisa mostra que mulheres começam a fumar antes que homens

Do G1 – 2/9/2010

Elas param de fumar em proporção maior, diz Instituto Nacional do Câncer.

Casal de fumantes no Sudeste gasta R$ 1,5 mil por ano em cigarros.

Em pesquisa feita para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou nesta segunda-feira (30) que no Brasil, entre os cerca de 25 milhões de fumantes, as mulheres começam a fumar mais cedo do que homens. No entanto, de acordo com o Inca, elas param de fumar numa proporção duas vezes maior do que a dos homens.

Segundo dados da Pesquisa Especial de Tabagismo, entre os jovens, os homens fumam 2,5 mais do que as mulheres. E entre as outras faixas etárias da população essa proporção é menor.

De acordo com a pesquisa, há no Brasil cerca de 25 milhões de fumantes com idade igual ou superior a 15 anos de idade. No entanto, de acordo com o Inca, houve queda no consumo de tabaco nas últimas décadas. De acordo com a pesquisa, 45,6% dos fumantes tentaram parar de fumar nos últimos 12 meses, o que correspondeu a cerca de 12 milhões de pessoas.

De acordo com o Inca, o estudo tem como objetivo fornecer informações para subsidiar a política nacional de controle do tabaco.

Cigarro na economia

A pesquisa revela que o cigarro, um dos principais fatores de risco para o câncer, também causa forte impacto no orçamento doméstico. De acordo com o estudo do Inca, uma família composta por um casal de fumantes, entre 45 e 64 anos, residente em uma cidade do Sudeste do país gasta, por mês, somente com a compra de cigarros, R$ 128,60. Por ano, a despesa chega a R$ 1.543,20.

De acordo com o Inca, o estudo foi realizado como parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD 2008), do IBGE.

Segundo a pesquisa, o gasto com cigarro para um casal de fumantes de qualquer região do país chega a R$ 1.495,20 por ano. O Inca comparou o valor gasto em cigarros com o que seria gasto para comprar uma TV de LCD de 32 polegadas, um computador, ou uma geladeira duplex.

Todos os valores foram calculados com base em 2008. Naquele ano o valor do salário mínimo era R$ 415, o que levaria esse gasto com cigarro a quase quatro salários mínimos por ano.

De acordo com o Inca, segundo o Banco Mundial e o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, tabaco e pobreza formam um ciclo vicioso, que atrasa o desenvolvimento dos países.

Os maiores percentuais de fumantes no Brasil, entre ambos os sexos, foram encontrados entre a população sem instrução (25,7%) e entre as pessoas de menor renda (21,3%), o que correspondia à população que ganhava menos de meio salário mínimo por mês.

Jovens não procuram ajuda para deixar de fumar

A pesquisa fala que a geração de brasileiros nascida a partir da década de 80 começa a fumar, em média, aos 17 anos. No Nordeste e no Centro-Oeste, começa-se ainda mais cedo: antes dos 15 anos de idade. O estudo revela ainda que a proporção de jovens do sexo feminino que começa a fumar antes dos 15 anos de idade é 22% maior do que a dos homens, em todas as regiões do país.

A pesquisa revela ainda que os jovens são a parcela da população que menos procurou ajuda para deixar de fumar, apesar de 48% das pessoas dessa faixa etária terem relatado sucessivas tentativas de parar de fumar nos últimos 12 meses.

A pesquisa foi feita em pouco mais de 51 mil domicílios, entrevistando fumantes, não fumantes e ex-fumantes. O trabalho, que, de acordo com o instituto, é a mais completa pesquisa feita sobre tabagismo no Brasil, foi realizado em outros 13 países. Internacionalmente, a pesquisa é conhecida como Global Adult Tobacco Survey (Pesquisa Global de Tabagismo).

Jovens e o tabaco

O Inca destacou como uma das informações mais relevantes da pesquisa em relação à juventude a constatação de que os jovens são mais sensíveis à propaganda pró-tabaco do que os adultos: 48,6% dos jovens relataram ter percebido propaganda pró-tabaco ante 38,7% dos adultos. Para o instituto, esse resultado pode indicar que existe um esforço da indústria para atingir os indivíduos com 24 anos de idade ou menos nas ações de promoção e propaganda de produtos do tabaco. E fortalece a necessidade de criar estratégias de informação sobre controle do tabaco junto aos jovens por meio de formatos e conteúdos diversificados.

Os jovens relataram na pesquisa um nível de dependência à nicotina elevada ou muito elevada cerca de 50% inferior ao dos adultos, o que mostra a importância do estímulo à cessação entre essa população, e principalmente da prevenção, para evitar que comecem a fumar.

O nível de dependência foi medido por meio de duas perguntas: o número de cigarros fumados por dia e o tempo que a pessoa leva para acender o primeiro cigarro após acordar. O cruzamento dessas respostas determinou o nível de dependência que pode ser baixa, elevada ou moderada.

No período pesquisado, os jovens foram 10% mais expostos ao fumo passivo em locais públicos do que os adultos.

De modo geral, segundo o Inca, os dados demonstraram a necessidade de explorar melhor as ações de controle do tabagismo entre a população de 15 a 24 anos. Exemplo: os jovens percebem menos a propaganda antitabaco veiculada por meio do rádio. Essa constatação aponta para a necessidade de adaptar a linguagem do rádio a esse público. É também preciso reforçar as mensagens sobre prevenção e cessação tanto em rádio quanto em TV.

Cigarro em locais públicos

A pesquisa confirmou para o Inca a urgência de reforçar as recomendações da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. O Inca informou que a convenção é o primeiro tratado de saúde pública da história, ratificado por 168 países-membros da Organização Mundial de Saúde, de um total de 192. O texto determina, por exemplo, ações específicas de proteção ao tabagismo passivo.

A pesquisa ainda apontou que uma em cada cinco pessoas foram expostas à fumaça do cigarro em locais públicos em geral, sem incluir o local de trabalho, o que correspondeu a cerca de 26 milhões de pessoas, das quais 22 milhões eram não fumantes.

“É preciso que a legislação em vigor, que ainda permite fumódromos, seja alterada para impedir 100% o uso de produtos do tabaco que emitem fumaça em ambientes coletivos e fechados”, alertou Liz Maria de Almeida, gerente de Divisão de Epidemiologia do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Ainda de acordo com o estudo, do total de pessoas de 15 anos ou mais, 96,1% acreditavam que fumar poderia causar doenças graves. Outro dado em destaque é a elevada percepção da relação entre o uso de tabaco e o câncer de pulmão: 94,7% do total das pessoas entrevistadas, sendo 90,6%, fumantes e 95,6%, não fumantes.

Outro problema grave é o tabagismo passivo. “Quanto mais cedo, uma pessoa é exposta ao cigarro em ambientes com fumantes, maior a possibilidade de vir a desenvolver câncer na vida adulta”, conclui o cirurgião torácico e diretor do Hospital do Câncer I, Paulo de Biasi.

Região central de São Paulo possui maior taxa de suicídios

De Notícias da USP – 16/03/10
Por Felipe Maeda Camargo / Agência USP

A partir de dados da Prefeitura de São Paulo e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do período de 1995 a 2006, o pesquisador Daniel Hideki Bando verificou que o agrupamento de 18 distritos da região central, centro-sul e centro-oeste da cidade apresenta o maior taxa de suicídios (6,3 para 100 mil habitantes).

O estudo de Bando, fruto de sua dissertação de mestrado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, também constatou que a elevada taxa está associada ao fato de os suicidas serem de distritos de maior renda, a maioria solteiros, migrantes e católicos, quando comparados a outras regiões da cidade. O agrupamento engloba bairros como Alto de Pinheiros, Barra Funda, Bela Vista, Bom Retiro, Brás, Cambuci, Consolação, Itaim Bibi, Jardim Paulista, Liberdade, Moema, Morumbi, Pinheiros, Perdizes, República, Santa Cecília, Sé e Vila Mariana.

Já em 14 distritos da região sul (Campo Grande, Campo Limpo, Capão Redondo, Cidade Ademar, Cidade Dutra, Grajaú, Jardim Ângela, Jardim São Luís, Santo Amaro, Socorro, Pedreira, Raposo Tavares, Vila Andrade e Vila Sônia) o quadro é o oposto. Esse agrupamento tem a menor taxa de suicídio (3,3 para 100 mil habitantes), o qual coincide com o fato de ser a região com maior número de casais e de evangélicos da cidade.

Segundo Bando, esses dados estão próximos aos chamados fatores de risco levantados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), condições sociodemográficas em que há mais casos de suicídio. O quadro da OMS de 2002 aponta as condições de ser solteiro e migrante, e fazer parte de estrato econômico extremo, como fatores de risco para o suicídio.

Isso pode demonstrar uma possível relação com a elevada taxa de suicídio no agrupamento da região central de São Paulo, onde certas características preenchem os requisitos desses fatores de risco: região de elevada renda (fazer parte de estrato econômico extremo), com bastantes solteiros e migrantes.

No entanto, não se pode afirmar que há uma relação direta entre o número de suicídios e esses aspectos, visto que a pesquisa de Bando não analisou as características das pessoas que se suicidaram, ou seja, foram analisados dois bancos de dados diferentes. “É difícil concluir algo, ainda tem muita coisa para se estudar. Mas (o estudo) já é uma evidência”, diz o pesquisador.

Divisão por regiões

Apesar de aproveitar dados da Prefeitura e do IBGE, Bando destaca que seu trabalho os desenvolveu com mais profundidade, pois “as taxas de suicídio nunca foram mapeadas na cidade e não há estudos recentes sobre os fatores de risco.”

O pesquisador, sob a orientação da professora da FFLCH Ligia Vizeu Barrozo, utilizou um programa de geoprocessamento para identificar o agrupamento de risco ao suicídio por determinadas regiões. Cada agrupamento podia ter no máximo 50% da população da cidade.

Ao analisar uma possível relação das taxas com os fatores de risco para suicídio, Bando se baseou também num estudo feito pelo sociólogo Émile Durkheim. “As variáveis (fatores de risco ao suicídio) foram parecidas com as que Durkhein estudou na França no final do século XIX.”, afirma Lígia sobre as semelhanças dos dois trabalhos.

Pelo estudo de Durkheim, Bando aproveitou a teoria do sociólogo sobre integração social para explicar os fatores de risco encontrados: “Uma das idéias dela (da teoria) diz que ‘o suicídio varia na razão inversa do grau de integração dos grupos sociais que a pessoa faz parte’”, explica Daniel, que diz que certos fatores de risco encontrados se encaixam nessa teoria. O pesquisador exemplifica com a situação da pessoa solteira, que tem maiores chances de não estar integrada a um grupo social, mais destacadamente uma família, o que pode propiciar o suicídio.

Contudo, a identificação dos católicos diverge com o levantamento da OMS que aponta o protestantismo como fator de risco ao suicídio. “A explicação se adapta à peculiaridade de São Paulo. No nosso caso, se observa que os evangélicos estão mais unidos entre eles”, ressalva Bando. Sua orientadora completa que esse aspecto dos evangélicos funciona como uma “ajuda social” contra o suicídio. “Já os católicos são mais dispersos, o que os põe, de acordo com a tese de Durkheim, numa categoria de risco”, diz Ligia.

O estudo de Bando e Ligia será publicado em forma de livro, com o lançamento previsto para o primeiro semestre de 2010 pela editora Humanitas/Fapesp.

Mais informações: danhideki@gmail.com

Na crise, desemprego é maior para o menos qualificado

Da Agência Estado, em 06/07/09
ANA CONCEIÇÃO

O trabalhador menos qualificado foi o mais atingido pelo desemprego na atual crise, mostra o estudo “Tecnologia, Produção e Comércio Exterior”, publicado no segundo boletim “Radar”, do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea). Em dezembro, quando o número de desempregados atingiu o maior patamar no País, dos cerca de 655 mil trabalhadores demitidos, quase 400 mil não tinham completado o ensino fundamental. O mesmo padrão foi observado em novembro e janeiro, meses em que o nível de emprego também foi negativo. A partir de fevereiro, quando começou a retomada do emprego, o número de postos criados para essa classe de trabalhadores foi menor que os demais.

“Os postos de trabalho para aqueles profissionais menos qualificados foram os primeiros a desaparecer e os últimos a serem recuperados”, comentou Márcio Wohlers, diretor de Estudos Setoriais do Ipea. Ele observou a forte queda da produção industrial foi determinante para isso. “Quando se reduz a produção, o chão de fábrica é o primeiro a sentir os efeitos”. Na outra ponta, os trabalhadores mais qualificados tendem a ser preservados, por conta do conhecimento técnico e do treinamento que carregam consigo, observou.

O desemprego entre os trabalhadores com ensino superior completo se manteve relativamente estável diante da crise e o primeiro a apresentar recuperação, de acordo com a pesquisa do Ipea, realizada com base nos números do Cadastro Geral de Trabalhadores Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

Wohlers alertou que os números positivos de emprego – saldo de 106.205 postos criados em abril, no último dado disponível – não estão embutindo ganho de massa salarial, pelo contrário. “Os trabalhadores estão sendo contratados a salários mais baixos. O emprego cresce, mas a massa salarial continua bastante negativa e segue muito aquém dos níveis de 2008″, afirmou durante a apresentação do segundo boletim Radar, na Fiesp.

A queda da massa salarial – que de outubro de 2008 a abril de 2009 atingiu R$ 1,3 bilhão – indica que a recuperação da crise via mercado interno será bastante lenta, afirma Wohlers. A plena recuperação do emprego e do salário deverá ocorrer junto com produção industrial, que vive um de seus piores períodos. Dados divulgados pela Fiesp na semana passada mostraram que a produção industrial paulista deverá recuar cerca de 7,5% em 2009, mesmo se houver crescimento positivo nos meses de junho a dezembro.

Pesquisa do Seade – Futuridade

Da Agência Estado, em 29/05/09

SP é uma das piores cidades para idoso viver, diz Seade

Entre os 4,3 milhões de idosos paulistas, 14% vivem em municípios com baixo nível de desenvolvimento e bem-estar e 7% moram em cidades classificadas como de alta qualidade de vida. São dados de um índice desenvolvido pela Fundação Seade e pela Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, o Futuridade. O índice mediu as condições de vida da população com mais de 60 anos nos 645 municípios do Estado. A capital é a 503ª na classificação geral.

Quando consideradas as cidades com mais de 200 mil habitantes, São Paulo aparece como a 24ª. A cidade com o melhor desenvolvimento é Santo Antonio da Alegria, e a que tem o pior índice é Nova Campina. Santo Antônio da Alegria tem apenas 6.249 habitantes. Desses, 834 têm mais de 60 anos. As características da cidade são uma constante entre os municípios nas melhores colocações. População pequena e com boa cobertura dos programas públicos voltados para a terceira idade.

Foram considerados três itens para construir o indicador: saúde, proteção social e participação. Cada um deles com variáveis como porcentagem de atendimentos na rede de proteção social básica, existência de um conselho municipal do idoso e taxa de mortalidade entre os 60 e 69 anos – o que é considerado como mortalidade precoce entre idosos. Segundo Alanna Armitage, representante do Fundo de Populações das Nações Unidas, o índice é fundamental para a construção de políticas públicas. “Na América Latina, o processo de envelhecimento aconteceu mais rápido do que em outros lugares, sem tempo para essas adaptações”, afirma.

De acordo com a Fundação Seade, em 2030 serão 7,1 milhões de idosos no Estado de São Paulo – 15,4% da população, 56,8% composta por mulheres. A diretora executiva da fundação, Felícia Madeira, diz que o Futuridade não pode ser confundido com o Índice de Desenvolvimento Humano. “O IDH indica o alcance das políticas públicas dos municípios e como eles têm se comportado”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca)

Noticiado em Globo.com em 27/05/09

Foto chocante no maço deixa 48% dos fumantes mais propensos a deixar o vício

Pesquisa que revelou dado foi feita em São Paulo, Rio e Porto Alegre.

Estudioso quer fotos na frente dos maços de cigarro.

Cinco anos depois que o uso de imagens mostrando os danos causados pelo cigarro nos maços se tornou obrigatório, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) realizou uma pesquisa para analisar o verdadeiro impacto das fotografias em fumantes e não fumantes. Os números mostram que a propaganda aversiva fez com que 48,2% dos fumantes ficassem mais propensos a largar o vício.

A pesquisa, por enquanto, entrevistou 717 pessoas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre — o objetivo final é entrevistar e acompanhar 1.800 brasileiros. O estudo foi feito em parceria com a Universidade de Waterloo, no Canadá, que aplica a mesma metodologia em países como Reino Unido, Suíça e Austrália, para o Projeto Internacional de Políticas de Controle do Tabaco.

Estudioso quer fotos na frente dos maços

“O Brasil é líder internacional no uso de advertências sanitárias com imagens fortes”, afirma o professor da Universidade de Waterloo, Geoffrey Fong. O pesquisador, no entanto, acredita que o fato de as fotos estarem só no verso faz com que os brasileiros ainda não tenham notado as fotografias tanto quanto poderiam.

“Temos conseguido fazer um contraponto em relação ao que a indústria sempre fez, que era mostrar imagens positivas para passar ideia que o cigarro não fazia mal. Vamos usar imagens fortes e agressivas, que tenham impacto na decisão das pessoas de começarem a fumar e de pararem de fumar”, completou o diretor do Inca, Luiz Antonio Santini.

Desde 2004, 19 imagens foram impressas nos maços de cigarros no país. Neste mês, outras dez entraram em vigor e deverão ser avaliadas em 2010. “As fotos foram desenvolvidas por neurobiólogos, que estudam a percepção emocional das pessoas em relação ao tabagismo”, explica Fong.

80% querem deixar de fumar

O resultado do trabalho no Brasil mostra ainda que as imagens e frases impressas impediram que 39,1% dos fumantes pegassem um maço de cigarros quando estavam prestes a fumar. As advertências fizeram 61,6% dos fumantes e 83,2% dos não fumantes pensarem nos danos do tabaco à saúde.

Entre os 17 países onde pesquisas semelhantes já foram feitas, o Brasil aparece no segundo lugar na proporção de fumantes que querem deixar de fumar, com 80%, atrás apenas da Holanda. Segundo o documento, 91,8% dos fumantes afirmaram que, se pudessem voltar atrás, não teriam começado a fumar.

De acordo com o Inca, o Brasil tem hoje 27,5 milhões de fumantes. No mundo todo, o número chega a 1,3 bilhão. A intenção dos pesquisadores é que, a cada mudança na política de controle do tabaco no Brasil, as mesmas pessoas sejam entrevistadas.