Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea)

Desigualdade racial

Da Agência Estado

A principal conclusão de um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgado no dia 03/12/09, é que a desigualdade racial é responsável por cerca de um terço da diferença de renda domiciliar per capita entre brancos e negros no país.

Segundo o documento, as regiões mais ricas do Brasil meridional apresentam maior porcentagem de pessoas brancas do que do Brasil setentrional. “Do Oiapque ao Chuí, a população embranquece e a renda aumenta”.

Entre 2004 e 2008, a diferença entre as rendas médias dos negros e dos brancos brasileiros, segundo o estudo, aumentou R$ 52,92, mas a renda média dos brancos aumentou 2,15 vezes no período, enquanto a dos negros aumentou apenas 1,99.

O Ipea alerta que juntas, a desigualdade entre regiões e a desigualdade racial respondem por algo entre um quarto e um quinto da desigualdade de renda domiciliar per capita de todo o país. Em 2008, esses dois índices respondiam por 22,3%, sendo 5,7% de desigualdade racial dentro das regiões e 16,6% de desigualdade regional.

O índice de analfabetismo entre jovens negros é duas vezes maior que entre brancos, segundo levantamento divulgado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Contudo, a distância entre os grupos encurtou nos últimos 10 anos: em 1998, o analfabetismo entre jovens negros era quase três vezes maior que entre os brancos.

No ensino médio, o número de jovens brancos que frequenta a escola é 44,5% maior em comparação ao de negros. Já no ensino superior, a frequência é cerca de três vezes maior entre os brancos. O Ipea destaca, no entanto, que houve significativa melhora no nível de adequação educacional entre os jovens negros nos últimos anos. Enquanto se observou entre os brancos certa estagnação, entre os negros a melhoria na frequência ao ensino médio é bastante significativa: em 10 anos, quase duplicou.

No que diz respeito à renda, a disparidade é alarmante. De 2004 a 2008, a diferença entre as rendas médias dos negros e dos brancos no Brasil aumentou R$ 52,92. O estudo também revela que a renda média dos brancos aumentou 2,15 vezes no período, enquanto a dos negros teve aumento de apenas 1,99 vez.

O levantamento do Ipea foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consideram-se jovens aqueles entre 15 e 29 anos, uma população que soma hoje 49,7 milhões de pessoas, cerca de 26,2% da população brasileira.

Na crise, desemprego é maior para o menos qualificado

Da Agência Estado, em 06/07/09
ANA CONCEIÇÃO

O trabalhador menos qualificado foi o mais atingido pelo desemprego na atual crise, mostra o estudo “Tecnologia, Produção e Comércio Exterior”, publicado no segundo boletim “Radar”, do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea). Em dezembro, quando o número de desempregados atingiu o maior patamar no País, dos cerca de 655 mil trabalhadores demitidos, quase 400 mil não tinham completado o ensino fundamental. O mesmo padrão foi observado em novembro e janeiro, meses em que o nível de emprego também foi negativo. A partir de fevereiro, quando começou a retomada do emprego, o número de postos criados para essa classe de trabalhadores foi menor que os demais.

“Os postos de trabalho para aqueles profissionais menos qualificados foram os primeiros a desaparecer e os últimos a serem recuperados”, comentou Márcio Wohlers, diretor de Estudos Setoriais do Ipea. Ele observou a forte queda da produção industrial foi determinante para isso. “Quando se reduz a produção, o chão de fábrica é o primeiro a sentir os efeitos”. Na outra ponta, os trabalhadores mais qualificados tendem a ser preservados, por conta do conhecimento técnico e do treinamento que carregam consigo, observou.

O desemprego entre os trabalhadores com ensino superior completo se manteve relativamente estável diante da crise e o primeiro a apresentar recuperação, de acordo com a pesquisa do Ipea, realizada com base nos números do Cadastro Geral de Trabalhadores Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

Wohlers alertou que os números positivos de emprego – saldo de 106.205 postos criados em abril, no último dado disponível – não estão embutindo ganho de massa salarial, pelo contrário. “Os trabalhadores estão sendo contratados a salários mais baixos. O emprego cresce, mas a massa salarial continua bastante negativa e segue muito aquém dos níveis de 2008″, afirmou durante a apresentação do segundo boletim Radar, na Fiesp.

A queda da massa salarial – que de outubro de 2008 a abril de 2009 atingiu R$ 1,3 bilhão – indica que a recuperação da crise via mercado interno será bastante lenta, afirma Wohlers. A plena recuperação do emprego e do salário deverá ocorrer junto com produção industrial, que vive um de seus piores períodos. Dados divulgados pela Fiesp na semana passada mostraram que a produção industrial paulista deverá recuar cerca de 7,5% em 2009, mesmo se houver crescimento positivo nos meses de junho a dezembro.