Pesquisa de Mercado

Retomando o diálogo

Hoje participei de um bate-papo na ASBPM sobre o papel da pesquisa nas agências de propaganda, com Marcio Beauclair, da Africa e ex-presidente do Grupo de Planejamento.

Lembrei do início da Africa (que começou com o nome de Bossa Nova), quando eu era uma das pesquisadoras que atendiam a agência e dos trabalhos interessantes que fizemos. A equipe de planejamento vinha do iG e as coisas seguiam o ritmo veloz da internet e de Nizan Guanaes.

Café_post blog

Marcio nos contou que hoje a distância entre as agências e os institutos de pesquisa é grande. Antes ele até participava dos congressos da ESOMAR, agora nem fica sabendo. Admite que hoje a maioria dos planejadores jovens não entende nada de pesquisa.

Todos já sabemos, por experiência própria, que as agências não tem mais budget para pesquisas quantitativas. Por que?

Os criativos temem os pré-testes dos filmes? “Os melhores filmes morrem”, disse Marcio. “As ferramentas são engessadas. Comparam a média do sabão em pó com cerveja”. Um pesquisador presente esclareceu que não, que há comparação dentro da categoria, além da média global. Mesmo pesquisas menos tradicionais como a neurociência às vezes indicam que uma cena deveria ser tirada, mas referem-se a uma cena sem relevância.

Que pesquisas ainda resistem? Um pouco de pesquisa qualitativa, compram Euromonitor (que tem entrega imediata) para concorrências, contratam profissionais free-lancers como antropólogos, psicólogos, fazem vídeos conceituais. A Coca-Cola durante a Copa realizou monitoramento diário com uma semioticista.

Talvez as agências hoje considerem que buscam coisas diferentes dos institutos. Os institutos buscariam “certezas” (através do rigor metodológico que sempre lhes foi caro). As agências buscam não ser barradas em sua criatividade, buscam coisas novas, sentem que estão perdendo relevância no mercado.

No fim, a constatação: a crise é de todos os prestadores de serviços. Os pesquisadores também buscam coisas novas, também querem se reinventar, lutam para recuperar a relevância que já tiveram. O diálogo entre publicitários e pesquisadores deve ser retomado.

—— por Cíntia Corrales, diretora da Network Pesquisa

Bombril troca Carlos Moreno por trio de mulheres

Segundo o Meio & Mensagem informou em sua edição de 07/03/11, após 33 anos a Bombril mudou o garoto-propaganda.

A nova estratégia de comunicação – divulgação da marca por Dani Calabresa (comediante da MTV), Marisa Orth (atriz e cantora) e Mônica Iozzi (repórter do CQC, da Band) – visa atingir as mulheres jovens.

Uma pesquisa feita pela Bombril detectou que “as mulheres mais jovens não ligam produtos como MonBijou e Limpol à Bombril”.

Na campanha de R$ 40 milhões, são usadas frases fortes como “homem é bom, mas é tosco” e “homem tem no máximo cinco utilidades, a Bombril tem mais de 1001”.

A campanha chamada de “Mulheres Evoluídas”, terá extensões online e dura até maio. Resta saber se, após isso, Carlos Moreno volta.

Empresa de pesquisa Nielsen fará IPO de até US$1,75 bilhão

Da Reuters, em 03/06/10


NOVA YORK (Reuters) – A Nielsen, maior empresa de pesquisa sobre consumo e audiência de TV, pretende levantar até 1,75 bilhão de dólares através de uma Oferta Pública Inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nos Estados Unidos.

A Nielsen é conhecida, principalmente, pelas notas que a audiência dá a programas de televisão, que normalmente determinam se eles serão bem-sucedidos ou fracassarão.

Seus 10 maiores clientes, que respondem por cerca de 23 por cento dos negócios, incluem Coca-Cola, NBC Universal, Nestlé, News Corp., Procter & Gamble e Unilever.

A companhia foi comprada em 2006 por um grupo de seis empresas de private equity.

A Nielsen teve prejuízo líquido de 489 milhões de dólares em 2009, com receita de 4,8 bilhões de dólares. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) foi de 1,3 bilhão de dólares no ano passado.

O JPMorgan e o Morgan Stanley são os coordenadores-líderes do IPO da Nielsen.

Focus ou Unfocus Groups?

Do Blue Bus, em 18/05/10, por Tania Savaget


Já participei e ainda oriento alguns dos nossos clientes a promover focus groups para gerar insights para suas marcas. Pesquisas qualitativas, com grupos adequados, trazem informações, validam ou não alguns conceitos, reforçam ou nos fazem abandonar algumas ideias. Só acho que as pessoas do grupo, quando se percebem entre “iguais”, ficam um pouco envergonhadas de dar opiniões diferentes do “papel” esperado.

Temos feito encontros mais informais, que chamamos de ‘unfocus groups’, expressão de uma empresa de inovação que admiro muito. Neste caso, não se trata de uma pesquisa quali ou quanti, mas de uma geração de ideias mais livres e amplas. A ideia é falar com pessoas que têm visões bem diferentes e particulares de um mesmo assunto. Há pouco tempo, para falar sobre produtos chamados de “primeiros socorros”, convidamos um atleta, uma mãe, um médico, um hipocondríaco, uma manicure, uma enfermeira e chegamos a resultados muito interessantes.

Pense no significado de um esparadrapo para um atleta, que vive se machucando; para uma bailarina, que fica na ‘ponta’ 12 horas por semana; para uma enfermeira que trabalha num pronto socorro; para um hipocondríaco que gosta de acumular coisas que podem ser usadas numa “emergência”? São visões muito interessantes. E o melhor: como cada um sabe que está ali para representar um “papel” único no grupo, arrisca mais com total segurança. Tente fazer um e veja como é eficaz e divertido :- ).

TV a cabo tem 15% de comerciais

Da Folha Online, em 09/04/10

A Associação de Consumidores Proteste enviou ao Ministério Público Federal de São Paulo uma pesquisa com cinco emissoras de TV a cabo, constatando que o público é submetido a 15% de publicidade durante sua programação. Segundo Maria Inês Dolci, coordenadora do instituto, a pesquisa visa a colaborar com a consulta pública iniciada pelo MPF, em janeiro, sobre o excesso de publicidade nas TVs pagas. O estudo apontou que, na Fox, a média de comerciais durante a programação é de 23%. Em seguida estão, Nickelodeon (19,6%), MTV (15,7%), SporTV (14,9%) e Globo News (13,2%). As emissoras foram escolhidas de forma aleatória entre 3 e 4 de março.

Da Proteste

Pesquisa da PROTESTE monitorou 5 canais e constatou que as crianças são mais prejudicadas. Pagar pela programação não livra de comercial.

A PROTESTE Associação de Consumidores enviou ao Ministério Público Federal de São Paulo o resultado de pesquisa com cinco canais de TV por assinatura em que constatou que em média o consumidor está submetido a 15% de publicidade durante a programação. Ou seja, paga pela programação e é obrigado a assistir a uma carga cada vez maior de comerciais. O estudo apontou que no canal infantil Nickelodeon, a média de comerciais durante a programação é de 19,64%. E na Fox 23%.

A preocupação da Associação é que entre os cinco canais monitorados durante 24 horas, o maior prejuízo é para as crianças, justamente a faixa mais vulnerável de consumidores.

A média no Nickelodeon foi de cerca 11minutos e 45 segundos de publicidade por hora.É importante proteger as crianças da influência do incentivo ao consumo exagerado ou desregrado. E o estudo mostrou que a criança está exposta a uma carga maior de publicidade nos horários em que os pais geralmente estão fora de casa.

Para a PROTESTE, o resultado do estudo demonstra a necessidade de impor restrições para a publicidade em canais de programação infantil, por meio de regulamentação. E estabelecer mecanismos para que seja respeitado o direito do consumidor ser informado quanto ao tempo de programação e de publicidade, ao contratar o pacote de serviços da TV por assinatura. Também chamou a atenção no estudo a quantidade de interrupções, durante a programação. Deveria haver um limite, para uma melhor distribuição.

“Não podemos ser coniventes com o aumento gradual do tempo de veiculação de publicidade como constatamos, em prejuízo do consumidor, que tende a pagar mais por publicidade do que por programação”, avalia Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da PROTESTE. A principal fonte de recursos das operadoras de TV paga provém da assinatura dos serviços, o que justificaria a fixação de um limite para veiculação de publicidade em percentual inferior ao estabelecido para a radiodifusão

O estudo feito pela PROTESTE foi para contribuição à consulta pública “televisão por assinatura e transparência das relações de consumo: quantidade de programação, quantidade de publicidade e o direito do consumidor à informação” promovido pelo Ministério Público Federal (MPF).

Outro ponto que merece destaque na pesquisa é o tempo de comerciais durante um programa (interrupções). Os percentuais demonstram a falta de uma melhor distribuição dos comerciais durante toda a grade de programação.

Hoje não há limite para veiculação de publicidade nos canais fechados. Uma proposta de fixação de 12,5% do total diário da programação e de 25% a cada hora para a publicidade pelas TVs por assinatura chegou a fazer parte do projeto de lei PL 29 em tramitação na Câmara. Mas este limite foi derrubado na comissão de Ciência, tecnologia, Comunicação e Informática. Para a TV aberta o Código Brasileiro de Telecomunicações prevê limite de 25% da grade de programação para veiculação de publicidade.

Foram monitoradas e gravadas as programações da MTV, Nickelodeon, Sport TV, Fox e GloboNews. Esses canais foram escolhidos de forma aleatória pela PROTESTE, para abranger o público infantil, jovem e adulto. Foi gravada toda a programação transmitida nos dias 03 e 04 de março, durante 24 horas, por uma empresa de monitoramento de TVs, contratada pela PROTESTE.

A MTV Brasil enviou Comunicado à PROTESTE informando uma TV em UHF com sinal aberto em todas as localidades do Brasil. Assim como outras emissoras, a MTV utiliza-se do sinal de operadoras de TV paga para melhorar seu próprio sinal. A inserção da MTV no estudo foi um critério da entidade por ser uma das principais emissoras a veicular programas voltados a jovens e foi escolhida por fazer parte da grade de pacotes oferecidos pelas empresas de TV por assinatura.

Qualidade dita o consumo

Do Diário do Nordeste, em 21/03/10

Com maior poder de consumo as classes C, D e E exigirão cada vez mais: melhores produtos, melhor qualidade de vida e até melhores governos. As palavras de ordem são o acesso e a qualidade. Dessa forma, as marcas que souberem conjugar a melhor relação custo-benefício serão recompensadas com a sua fidelidade. “São pessoas que preferem pagar mais se reconhecem e utilizam ao máximo as funcionalidades dos produtos”, explica Renato Meirelles, do Data Popular. Nesse sentido, o estudo aponta que as marcas não podem errar: “o produto precisa durar o mês inteiro, agradar a família e funcionar. O baixo preço chama a atenção e estimula a experimentação, mas ele precisa entregar o que promete”.


Capilaridade

Uma outra característica inerente ao comportamento deste consumidor é que cada vez mais proximidade geográfica e relacionamento estarão ligados. Segundo a pesquisa, não são raros os casos de quem vai todos os dias ao mercado, perto de casa. Ele tem conhecimento de todas as promoções e não perde uma e, quando falta dinheiro, consegue comprar fiado na mercearia da esquina. “É a relação de confiança mútua entre o pequeno varejo e o consumidor. O canal de venda ocupará cada vez mais espaço no bolso e no seu coração”, afirma Meirelles. Segundo ele, para se ter uma ideia, enquanto 30% dos consumidores emergentes optam pelo varejo tradicional, 71% dos da classe C fazem compras a pé. Mas, vale destacar que as lojas de departamento são o principal elo entre a relação variedade, ofertada pelos shoppings e os preços mais em conta, característicos das lojas de rua. Não é à toa que 74% das mulheres da classe C costumam fazer compras nesse tipo de estabelecimento, ante 54% nas classes AB e 43% para as classes DE (ADJ)

MELHOR PREÇO

81% têm o hábito de pesquisar em várias lojas

No cotidiano do consumidor de baixa renda, a pesquisa faz parte do processo de compra. Segundo estudo do Data Popular, 81,5% desses consumidores faz pesquisa de preço em várias lojas antes de efetuar uma compra. Todas as famílias das classes D e E entrevistadas se valem das pesquisas. Afinal, uma redução de 10% no valor de uma geladeira pode representar até 25% do seu salário.

Ainda de acordo com a pesquisa, ruas e bairros tipicamente comerciais são o termômetro de consumo das classes C, D e E. O sucesso é tanto, que algumas se tornaram alavancas do turismo, o chamado turismo de compras, como ocorre na rua 25 de março e no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, ou na feira da rua José Avelino, no Centro de Fortaleza, e ainda na avenida Monsenhor Tabosa, também na Capital cearense.

Sem vergonha de pechinchar

E são exatamente nas lojas de rua onde esse público não tem vergonha de pedir desconto e onde mais pechincha. Para o superintendente da Fecomércio/CE, Alex, Araújo, isto se explica pela percepção que a baixa renda tem de o shopping ser um local mais elitizado. “Diferente da loja de rua, onde ela tem espaço para negociar. O comportamento chega a ser diferente entre um local e outro”.

Conforme a pesquisa, nos últimos seis meses enquanto 50% dos consumidores das classes AB fez algum tipo de pechincha, nas classes C e DE esse porcentual pula para 75% e 89,5%, respectivamente. (ADJ)

Pesquisa revela opinião dos pais sobre publicidade infantil

Do Itu.com.br – Por Deborah Dubner

O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, encomendou uma pesquisa junto ao Datafolha para medir a percepção dos pais com filhos entre 3 e 11 anos completos sobre alguns aspectos das propagandas direcionadas às crianças.

A pesquisa foi apresentada à imprensa no dia 16 de março, no encontro para jornalistas que ocorreu no 3º Fórum Internacional Criança e Consumo. O itu.com.br cobriu o evento.

Além da apresentação da pesquisa à imprensa, os jornalistas participaram de um debate sobre consumo infantil, com a presença de Benjamin Barber, Susan Linn e Helio Mattar .

O Fórum, que acontece entre os dias 16 e 18 do mês de março no Itaú Cultural, trata de 3 temas-chaves: Honrar a Infância, Refletir o Consumo e Brincar.

Pesquisa Datafolha

O levantamento foi realizado na cidade de São Paulo entre 22 e 23 de janeiro de 2010. Foram ouvidos 411 pais e mães de todas as classes econômicas, com destaque para a classe C, que correspondeu a 52% dos entrevistados. A margem de erro é de 5 pontos percentuais.

Algumas conclusões da pesquisa:

Pedido dos filhos:

– Sete em cada dez pais entrevistados afirmaram serem influenciados pelos filhos na hora da compra. Maior incidência entre os homens.

– Para os pais, omaior influenciador dos pedidos dos filhos, entre sete itens estimulados,são aspropagandas (38%). Em seguida estão os personagens ou filmes e programas de TV (18% e 16%, respectivamente).

Restrições ao marketing e à publicidade:

– 73% dos pais concordam que deveria haver restrição ao marketing e propaganda voltada às crianças.

– O consumismo infantil, a disponibilidade de dinheiro, as questões relativas à alimentação, sexo e violência são os principais argumentos dos entrevistados que disseram que deveria haver restrição às propagandas.

Alimentação:

– Preocupação dos pais: Evitar a exposição à violência (80%) e ter uma alimentação saudável (75%), foram apontadas como as principais.

– Pedidos dos filhos: Os pais apontaram, espontaneamente, alguns pedidos que os filhos costumam fazer – as guloseimas foram as mais mencionadas: chocolate/bala/chiclete/doce/bolacha – 43%; bolacha salgada/salgadinho – 34%; sorvete – 32%.

– Os pedidos mais frequentes são observados nas duas faixas etárias estudadas (de 3 a 7 e de 8 a 11 anos completos), mas os percentuais são mais altos entre os mais novos.

– Frequência de consumo: bolachas (82%), refrigerantes (70%) e salgadinhos (64%) são alimentos consumidos algumas vezes por semana, pelas crianças de 3 a 11 anos.

– Influência de estratégias de marketing: Estimulados a responder se concordavam ou não com a frase “A oferta de prêmios e brindes influenciam a escolha do produto/ alimento pelo(s) meu(s) filho(s)”, 75% dos pais concordaram.

Vinhos nacionais ampliam sua participação no mercado brasileiro

Do Terra – 18/03/10 – Por Carlos Alberto Barbosa

No último sábado, 13 de março, o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho) realizou em São Paulo o lançamento oficial da campanha de promoção do vinho brasileiro no mercado norte-americano, através do projeto Wines from Brazil, cuja gerente, Andreia Gentilini Milan, concedeu uma entrevista exclusiva ao Terra no final de fevereiro, adiantando a ação.

Após a apresentação do projeto para o mercado norte-americano, Diego Bertolini, gerente de promoção e marketing da Ibravin, fez algumas considerações sobre o trabalho de promoção do vinho brasileiro no território nacional. Segundo Bertolini, no plano doméstico também existe a necessidade de criar ações que aumentem a penetração do vinho nacional neste concorrido mercado, no qual os vinhos estrangeiros, principalmente argentinos e chilenos, são maioria.

Ao longo desta semana, voltamos a conversar com Diego Bertolini, a fim de traçar um rápido quadro da presença do vinho brasileiro no mercado interno e tentar enxergar o alcance e a colocação que o nosso vinho fino tem no território nacional. Segundo Bertolini, de 2005 a 2009 o vinho fino brasileiro registrou um aumento de 50% de sua participação no mercado do país. A fatia que os vinhos brasileiros abocanham desse segmento representa 30% do total de vinhos finos consumidos hoje.

Somente entre 2008 e 2009, o Ibravin registra um crescimento de 12% no volume de vendas dos vinhos nacionais, enquanto os importados apresentaram um recuo de 2%. Olhando para esses números, o vinho nacional não vem fazendo tão feio assim no mercado doméstico. Claro que ainda há muito a conquistar. A batalha nesse mercado tem tudo para ser dura e longa, pois pressões e interesses comerciais surgem de todos os lados. Afinal, estamos falando de um mercado de cerca de 120 milhões de garrafas/ano, entre vinhos finos nacionais e importados, com perspectiva de muito crescimento.

Bertolini aponta ainda que, independentemente de aspectos tributários, o custo de produção do vinho brasileiro é mais elevado que, por exemplo, os custos dos vinhos chilenos e argentinos. Ele lembra que “no Chile, por exemplo, os preços de matéria-prima e insumos são bem mais em conta que os praticados no Brasil. Até mesmo as garrafas de vidro no Brasil são bem mais caras que na Argentina. Por vezes, é mais vantajoso importar garrafas argentinas que comprar no mercado interno“.

Mesmo com todos os problemas relativos aos custos de produção, os números apresentados revelam que a penetração no mercado interno do vinho nacional vem crescendo, mas ainda apresenta grande potencial de aumento; para isso, deve superar alguns obstáculos. Diego Bertolini chama a atenção para uma pesquisa realizada pela Ibravin em 2007, que aponta como um dos gargalos para o crescimento do setor como um todo, a falta de preparo dos setores de comercialização para lidar com o consumidor de vinho – tanto de vinhos importados como de nacionais.

Todavia, no segmento on trade (bares e restaurantes), o principal empecilho para o vinho nacional é a imagem, tanto no exterior quanto no Brasil. Essa é a visão de Jandir Dalberto, diretor de operações da rede de churrascarias Fogo de Chão, que chega a vender 12 mil garrafas de vinhos/mês nos restaurantes brasileiros, e outras 60 mil nas churrascarias do grupo nos Estados Unidos. Desse universo, o vinho nacional ainda representa muito pouco, algo como 1% do total das vendas.

Uma das questões fundamentais que justificariam o fraco desempenho do vinho nacional frente aos importados, segunda Dalberto, seria a falta de um trabalho de divulgação do produto pelos próprios representantes das vinícolas, principalmente das menores. O vinho nacional, segundo ele, pode até competir em qualidade com o importado, mas a logística de distribuição e o trabalho de divulgação feito pelas vinícolas e seus representantes comprometem o desempenho do produto. “Os importadores“, ele ressalta, “são mais ativos que os representantes nacionais nesse aspecto“. As importadoras estão sempre presentes nos restaurantes da rede, demonstrando produtos e esclarecendo dúvidas, um trabalho que ele não vê sendo feito com a mesma intensidade pelos produtores nacionais.

Este é um ponto com o qual também concorda Bertolini. A imagem do vinho brasileiro precisa ser melhor trabalhada, já que ele possui qualidade. Ele lembra que “Chile e Argentina trabalham o mercado brasileiro há anos, e faziam isso mesmo antes do crescimento da indústria de vinhos finos no país“. Mas, além da imagem, a distribuição deve receber atenção.

Segundo ele, “é importante falar nesses aspectos. Quem posicionou o vinho importado no mercado brasileiro foi o próprio importador. Eles têm um foco no on trade (venda de vinhos em bares e restaurantes), com um portfólio que fecha um bom mix de produtos“. Essa clareza no foco de vendas e distribuição, bem como um corpo a corpo dos representantes das vinícolas junto aos bares e restaurantes, conforme apontou Dalberto, podem fazer a diferença na ampliação da fatia do mercado de vinhos pretendida pela a indústria nacional.

Aqueles que atentaram para a logística de distribuição, cuja estrutura permite esforços nessa direção, já sentem os resultados. Segundo Bertolini, “empresas que possuem uma teia de distribuição mais trabalhada vêm apresentando dados de crescimento, tanto em faturamento quanto em volume, ano a ano“. Para ele, parte da solução está em “trabalhar a valorização da marca e desmistificar o consumo do vinho, para que o aumento de volume de consumo permita um melhor trabalho de distribuição“.

Vinhos nacionais ampliam sua participação no mercado brasileiro

Do Terra – 18/03/10 – Por Carlos Alberto Barbosa

No último sábado, 13 de março, o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho) realizou em São Paulo o lançamento oficial da campanha de promoção do vinho brasileiro no mercado norte-americano, através do projeto Wines from Brazil, cuja gerente, Andreia Gentilini Milan, concedeu uma entrevista exclusiva ao Terra no final de fevereiro, adiantando a ação.

Após a apresentação do projeto para o mercado norte-americano, Diego Bertolini, gerente de promoção e marketing da Ibravin, fez algumas considerações sobre o trabalho de promoção do vinho brasileiro no território nacional. Segundo Bertolini, no plano doméstico também existe a necessidade de criar ações que aumentem a penetração do vinho nacional neste concorrido mercado, no qual os vinhos estrangeiros, principalmente argentinos e chilenos, são maioria.

Ao longo desta semana, voltamos a conversar com Diego Bertolini, a fim de traçar um rápido quadro da presença do vinho brasileiro no mercado interno e tentar enxergar o alcance e a colocação que o nosso vinho fino tem no território nacional. Segundo Bertolini, de 2005 a 2009 o vinho fino brasileiro registrou um aumento de 50% de sua participação no mercado do país. A fatia que os vinhos brasileiros abocanham desse segmento representa 30% do total de vinhos finos consumidos hoje.

Somente entre 2008 e 2009, o Ibravin registra um crescimento de 12% no volume de vendas dos vinhos nacionais, enquanto os importados apresentaram um recuo de 2%. Olhando para esses números, o vinho nacional não vem fazendo tão feio assim no mercado doméstico. Claro que ainda há muito a conquistar. A batalha nesse mercado tem tudo para ser dura e longa, pois pressões e interesses comerciais surgem de todos os lados. Afinal, estamos falando de um mercado de cerca de 120 milhões de garrafas/ano, entre vinhos finos nacionais e importados, com perspectiva de muito crescimento.

Bertolini aponta ainda que, independentemente de aspectos tributários, o custo de produção do vinho brasileiro é mais elevado que, por exemplo, os custos dos vinhos chilenos e argentinos. Ele lembra que “no Chile, por exemplo, os preços de matéria-prima e insumos são bem mais em conta que os praticados no Brasil. Até mesmo as garrafas de vidro no Brasil são bem mais caras que na Argentina. Por vezes, é mais vantajoso importar garrafas argentinas que comprar no mercado interno“.

Mesmo com todos os problemas relativos aos custos de produção, os números apresentados revelam que a penetração no mercado interno do vinho nacional vem crescendo, mas ainda apresenta grande potencial de aumento; para isso, deve superar alguns obstáculos. Diego Bertolini chama a atenção para uma pesquisa realizada pela Ibravin em 2007, que aponta como um dos gargalos para o crescimento do setor como um todo, a falta de preparo dos setores de comercialização para lidar com o consumidor de vinho – tanto de vinhos importados como de nacionais.

Todavia, no segmento on trade (bares e restaurantes), o principal empecilho para o vinho nacional é a imagem, tanto no exterior quanto no Brasil. Essa é a visão de Jandir Dalberto, diretor de operações da rede de churrascarias Fogo de Chão, que chega a vender 12 mil garrafas de vinhos/mês nos restaurantes brasileiros, e outras 60 mil nas churrascarias do grupo nos Estados Unidos. Desse universo, o vinho nacional ainda representa muito pouco, algo como 1% do total das vendas.

Uma das questões fundamentais que justificariam o fraco desempenho do vinho nacional frente aos importados, segunda Dalberto, seria a falta de um trabalho de divulgação do produto pelos próprios representantes das vinícolas, principalmente das menores. O vinho nacional, segundo ele, pode até competir em qualidade com o importado, mas a logística de distribuição e o trabalho de divulgação feito pelas vinícolas e seus representantes comprometem o desempenho do produto. “Os importadores“, ele ressalta, “são mais ativos que os representantes nacionais nesse aspecto“. As importadoras estão sempre presentes nos restaurantes da rede, demonstrando produtos e esclarecendo dúvidas, um trabalho que ele não vê sendo feito com a mesma intensidade pelos produtores nacionais.

Este é um ponto com o qual também concorda Bertolini. A imagem do vinho brasileiro precisa ser melhor trabalhada, já que ele possui qualidade. Ele lembra que “Chile e Argentina trabalham o mercado brasileiro há anos, e faziam isso mesmo antes do crescimento da indústria de vinhos finos no país“. Mas, além da imagem, a distribuição deve receber atenção.

Segundo ele, “é importante falar nesses aspectos. Quem posicionou o vinho importado no mercado brasileiro foi o próprio importador. Eles têm um foco no on trade (venda de vinhos em bares e restaurantes), com um portfólio que fecha um bom mix de produtos“. Essa clareza no foco de vendas e distribuição, bem como um corpo a corpo dos representantes das vinícolas junto aos bares e restaurantes, conforme apontou Dalberto, podem fazer a diferença na ampliação da fatia do mercado de vinhos pretendida pela a indústria nacional.

Aqueles que atentaram para a logística de distribuição, cuja estrutura permite esforços nessa direção, já sentem os resultados. Segundo Bertolini, “empresas que possuem uma teia de distribuição mais trabalhada vêm apresentando dados de crescimento, tanto em faturamento quanto em volume, ano a ano“. Para ele, parte da solução está em “trabalhar a valorização da marca e desmistificar o consumo do vinho, para que o aumento de volume de consumo permita um melhor trabalho de distribuição“.