Mulheres ganham 76% do salário pago aos homens, aponta Dieese
Do Valor, por Francine De Lorenzo – 02/03/11
Embora a participação das mulheres no mercado de trabalho tenha crescido na última década, com grau de instrução superior ao dos homens, os salários delas continuam sendo menores, de acordo com estudo realizado pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), na região metropolitana de São Paulo.
Segundo o levantamento, as mulheres ganham 75,7% do valor pago aos homens para o desempenho das mesmas funções. A diferença de remuneração, entretanto, caiu se comparado ao ano de 2000, já que naquela época o salário das mulheres equivalia a 73,6% do salário dos homens.
Nos cargos com nível superior completo, a diferença de remuneração entre homens e mulheres é maior: elas recebem 63,8% do valor pago a eles para as mesmas funções, menos que em 2000, quando esse percentual era de 65,2%.
Na última década, a escolaridade das mulheres melhorou, com 17,1% das profissionais apresentando ensino superior completo. Em 2000, esse percentual era de 12,9%. Entre os homens, apenas 13% apresentam nível superior completo, embora tenha havido um avanço frente aos 10,8% registrados no início da década passada.
Entre 2009 e 2010, a participação feminina no mercado de trabalho (proporção das mulheres com idade acima de dez anos em situação de ocupadas ou desempregadas) subiu de 55,9% para 56,2%, enquanto que para os homens, o indicador ficou praticamente estável, passando de 71,5% para 71,6%.
A taxa de desemprego total entre as mulheres diminuiu pelo sétimo ano consecutivo em 2010, passando de 16,2% em 2009 para 14,7%. “Para a população feminina foram gerados 163 mil postos de trabalho, volume suficiente para absorver as 99 mil mulheres que ingressaram na força de trabalho metropolitana e reduzir em 64 mil o contingente de desempregadas”, destaca o estudo.
O resultado, de acordo com as entidades, reflete a melhora na educação das mulheres. Se em 2000 a maior parte da População Economicamente Ativa (PEA) com nível superior era composta por homens (51,3%), hoje essa posição é ocupada pelas mulheres (53,6%). O nível de ocupação dos profissionais com escolaridade superior cresceu mais rapidamente entre as mulheres do que entre os homens. Para o Dieese/Seade, se esse ritmo for mantido, “é de se esperar que, em poucos anos, as mulheres também passem a ser maioria no conjunto do ocupados”.
Três em cada dez mulheres deixa emprego para cuidar dos filhos
Pesquisa aponta que mães têm apoio dos homens para deixar emprego
Do Metro – 01/03/11
Em famílias com filhos pequenos, o homem deve trabalhar, e a mulher ficar em casa cuidando das crianças. Isso é o que pensa a maioria dos brasileiros, de acordo com a pesquisa “Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado”, realizada no ano passado pela Fundação Perseu Abramo e pelo Sesc.
Entre as entrevistadas, 75% concordam com essa ideia. Entre os homens, 79%. E esse é, segundo o estudo, o principal motivo para as mulheres nunca terem trabalhado ou terem largado o emprego em 2010.
Enquanto 28% dizem que nunca trabalharam por essa razão, 30% largaram os empregos porque ficaram grávidas ou para se dedicar às crianças.
Outra ideia ainda forte é a de que os homens devem sustentar a casa. Com isso concordam 51% das mulheres e 62% dos homens.
Foto: Joy Zaehringer/ Freerange Zoom
Pesquisa aponta que mães têm apoio dos homens para deixar emprego
Outros temas
A pesquisa também traz dados sobre violência doméstica, aborto e satisfação com a aparência. A barriga e o peso são os principais motivos de queixas entre as mulheres. Do total, 47% disseram estar insatisfeitas com algo em seu corpo, sendo que 15% apontaram a barriga, e 14%, o excesso de peso.
Quando o assunto é a vida sexual, 68% disseram estar totalmente satisfeitas. Entre elas, a maioria (41%) teve a primeira relação entre os 16 e os 18 anos. Além disso, uma em cada quatro mulheres fez sexo pela primeira vez até os 15 anos, e 7%, com mais de 25 anos.
Um dado preocupante é que apenas 25% disseram ter usado camisinha na última relação sexual (entre os homens, foram 30%). O motivo apontado pela maioria para o não uso do preservativo foi a confiança no parceiro.
Violência
A violência doméstica já atingiu 40% das brasileiras, sendo que as mais frequentes são o controle das atividades e a agressão ou ameaça, tanto física quanto psíquica.
A pesquisa aponta que 8% dos entrevistados contaram já ter batido na parceira, sendo que 6% deles acham que “uns tapas de vez em quando é necessário”. Para os outros 2%, “tem mulher que só toma jeito apanhando”. O estudo ouviu 2.365 mulheres e 1.181 homens, com mais de 15 anos.
Pesquisa mostra que mulheres começam a fumar antes que homens
Do G1 – 2/9/2010
Elas param de fumar em proporção maior, diz Instituto Nacional do Câncer.
Casal de fumantes no Sudeste gasta R$ 1,5 mil por ano em cigarros.
Em pesquisa feita para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou nesta segunda-feira (30) que no Brasil, entre os cerca de 25 milhões de fumantes, as mulheres começam a fumar mais cedo do que homens. No entanto, de acordo com o Inca, elas param de fumar numa proporção duas vezes maior do que a dos homens.
Segundo dados da Pesquisa Especial de Tabagismo, entre os jovens, os homens fumam 2,5 mais do que as mulheres. E entre as outras faixas etárias da população essa proporção é menor.
De acordo com a pesquisa, há no Brasil cerca de 25 milhões de fumantes com idade igual ou superior a 15 anos de idade. No entanto, de acordo com o Inca, houve queda no consumo de tabaco nas últimas décadas. De acordo com a pesquisa, 45,6% dos fumantes tentaram parar de fumar nos últimos 12 meses, o que correspondeu a cerca de 12 milhões de pessoas.
De acordo com o Inca, o estudo tem como objetivo fornecer informações para subsidiar a política nacional de controle do tabaco.
Cigarro na economia
A pesquisa revela que o cigarro, um dos principais fatores de risco para o câncer, também causa forte impacto no orçamento doméstico. De acordo com o estudo do Inca, uma família composta por um casal de fumantes, entre 45 e 64 anos, residente em uma cidade do Sudeste do país gasta, por mês, somente com a compra de cigarros, R$ 128,60. Por ano, a despesa chega a R$ 1.543,20.
De acordo com o Inca, o estudo foi realizado como parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD 2008), do IBGE.
Segundo a pesquisa, o gasto com cigarro para um casal de fumantes de qualquer região do país chega a R$ 1.495,20 por ano. O Inca comparou o valor gasto em cigarros com o que seria gasto para comprar uma TV de LCD de 32 polegadas, um computador, ou uma geladeira duplex.
Todos os valores foram calculados com base em 2008. Naquele ano o valor do salário mínimo era R$ 415, o que levaria esse gasto com cigarro a quase quatro salários mínimos por ano.
De acordo com o Inca, segundo o Banco Mundial e o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, tabaco e pobreza formam um ciclo vicioso, que atrasa o desenvolvimento dos países.
Os maiores percentuais de fumantes no Brasil, entre ambos os sexos, foram encontrados entre a população sem instrução (25,7%) e entre as pessoas de menor renda (21,3%), o que correspondia à população que ganhava menos de meio salário mínimo por mês.
Jovens não procuram ajuda para deixar de fumar
A pesquisa fala que a geração de brasileiros nascida a partir da década de 80 começa a fumar, em média, aos 17 anos. No Nordeste e no Centro-Oeste, começa-se ainda mais cedo: antes dos 15 anos de idade. O estudo revela ainda que a proporção de jovens do sexo feminino que começa a fumar antes dos 15 anos de idade é 22% maior do que a dos homens, em todas as regiões do país.
A pesquisa revela ainda que os jovens são a parcela da população que menos procurou ajuda para deixar de fumar, apesar de 48% das pessoas dessa faixa etária terem relatado sucessivas tentativas de parar de fumar nos últimos 12 meses.
A pesquisa foi feita em pouco mais de 51 mil domicílios, entrevistando fumantes, não fumantes e ex-fumantes. O trabalho, que, de acordo com o instituto, é a mais completa pesquisa feita sobre tabagismo no Brasil, foi realizado em outros 13 países. Internacionalmente, a pesquisa é conhecida como Global Adult Tobacco Survey (Pesquisa Global de Tabagismo).
Jovens e o tabaco
O Inca destacou como uma das informações mais relevantes da pesquisa em relação à juventude a constatação de que os jovens são mais sensíveis à propaganda pró-tabaco do que os adultos: 48,6% dos jovens relataram ter percebido propaganda pró-tabaco ante 38,7% dos adultos. Para o instituto, esse resultado pode indicar que existe um esforço da indústria para atingir os indivíduos com 24 anos de idade ou menos nas ações de promoção e propaganda de produtos do tabaco. E fortalece a necessidade de criar estratégias de informação sobre controle do tabaco junto aos jovens por meio de formatos e conteúdos diversificados.
Os jovens relataram na pesquisa um nível de dependência à nicotina elevada ou muito elevada cerca de 50% inferior ao dos adultos, o que mostra a importância do estímulo à cessação entre essa população, e principalmente da prevenção, para evitar que comecem a fumar.
O nível de dependência foi medido por meio de duas perguntas: o número de cigarros fumados por dia e o tempo que a pessoa leva para acender o primeiro cigarro após acordar. O cruzamento dessas respostas determinou o nível de dependência que pode ser baixa, elevada ou moderada.
No período pesquisado, os jovens foram 10% mais expostos ao fumo passivo em locais públicos do que os adultos.
De modo geral, segundo o Inca, os dados demonstraram a necessidade de explorar melhor as ações de controle do tabagismo entre a população de 15 a 24 anos. Exemplo: os jovens percebem menos a propaganda antitabaco veiculada por meio do rádio. Essa constatação aponta para a necessidade de adaptar a linguagem do rádio a esse público. É também preciso reforçar as mensagens sobre prevenção e cessação tanto em rádio quanto em TV.
Cigarro em locais públicos
A pesquisa confirmou para o Inca a urgência de reforçar as recomendações da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. O Inca informou que a convenção é o primeiro tratado de saúde pública da história, ratificado por 168 países-membros da Organização Mundial de Saúde, de um total de 192. O texto determina, por exemplo, ações específicas de proteção ao tabagismo passivo.
A pesquisa ainda apontou que uma em cada cinco pessoas foram expostas à fumaça do cigarro em locais públicos em geral, sem incluir o local de trabalho, o que correspondeu a cerca de 26 milhões de pessoas, das quais 22 milhões eram não fumantes.
“É preciso que a legislação em vigor, que ainda permite fumódromos, seja alterada para impedir 100% o uso de produtos do tabaco que emitem fumaça em ambientes coletivos e fechados”, alertou Liz Maria de Almeida, gerente de Divisão de Epidemiologia do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Ainda de acordo com o estudo, do total de pessoas de 15 anos ou mais, 96,1% acreditavam que fumar poderia causar doenças graves. Outro dado em destaque é a elevada percepção da relação entre o uso de tabaco e o câncer de pulmão: 94,7% do total das pessoas entrevistadas, sendo 90,6%, fumantes e 95,6%, não fumantes.
Outro problema grave é o tabagismo passivo. “Quanto mais cedo, uma pessoa é exposta ao cigarro em ambientes com fumantes, maior a possibilidade de vir a desenvolver câncer na vida adulta”, conclui o cirurgião torácico e diretor do Hospital do Câncer I, Paulo de Biasi.
Só 1,7% das cidades têm delegacias da mulher
Do iG, em 13/05/10, por Matheus Pichonelli
Pesquisa mostra ainda que apenas 18,7% dos municípios possuem organismos voltados à temática de gênero
IBGE mostra o retrato dos municípios brasileiros. Veja os principais pontos da pesquisa
Embora no Brasil existam leis específicas de combate à violência contra mulher, apenas 397 dos 5.565 municípios do País possuem atualmente delegacias de polícia especializadas no atendimento a essas vítimas. Isso significa que, de cada cem cidades brasileiras, apenas sete possuem entidades responsáveis para apurar casos específicos de agressão contra mulheres. Dessas, 192 estão no Sudeste.
Maioria da população, as mulheres dispõem atualmente de casas-abrigo em apenas 262 municípios e centros de referência de atendimento em somente 559 cidades. Para todo o País existem 469 núcleos especializados de atendimento às mulheres nas defensorias públicas e 274 com juizados especiais de violência doméstica e familiar. Entre as cidades com casas-abrigo, por exemplo, 35% estão no Sudeste – enquanto na Paraíba não existe uma instituição como essa.
Os dados constam da mais recente pesquisa sobre o Perfil dos Municípios Brasileiros – Gestão 2009 (Munic), do IBGE. Pela primeira vez, o levantamento tratou de questões como direitos humanos, Saúde e políticas de gênero nas administrações municipais. Os resultados apontam que o Brasil ainda possui um longo caminho até que os grupos vulneráveis da população passem a ser tratados como prioridades no âmbito das instituições locais.
Política de gênero
Exemplo disso é que atualmente apenas 18,7% dos municípios possuem organismos voltados à temática de gênero. Enquanto o percentual chega a 90% em cidades com mais de 500 mil habitantes, o número é de 10,3% em locais com menos de 5 mil habitantes. Entre os municípios nordestinos, 417, ou quase um quinto do total, possuem estruturas de políticas para as mulheres – mais do que em todo o Sudeste, com 262 municípios. Em Roraima, no Norte do País, não há nenhum organismo dessa natureza.
O instituto, no entanto, ressalta em seu relatório que a existência de organismos de políticas para mulheres não assegura condições de desenvolvimento adequado dos trabalhos. De acordo com a avaliação, a escassez de recursos humanos e financeiros é um fator que ainda impede uma articulação adequada entre gestores e população.
Segundo o IBGE, desde 2004 os órgãos da administração pública federal trabalham segundo as orientações do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, cuja municipalização e estadualização têm sido estimuladas. Os trabalhos, porém, ainda são incipientes. Prova disso, segundo o instituto, são os dados da Munic que apontam que apenas 193 municípios, ou 3,5% do total, possuíam planos municipais de políticas para as mulheres. Destes, 74 são municípios do Nordeste. Ou seja: em muitos casos, há estrutura, mas não trabalhos efetivos de combate à violência doméstica.
A pesquisa apontou que existem no País mais municípios desenvolvendo ações de gênero em parceria do que municípios com mecanismos próprios: são 1.799 contra 1.043. Grande parte das ações executadas em parceria se dá por meio do apoio da própria administração pública municipal (64,0%), seguida dos governos federal e estadual (33% e 32%, respectivamente) e organizações não governamentais (29%). Outros 2% dos municípios desenvolvem atividades em conjunto com organizações religiosas.
O levantamento mostra também que quanto maior o município “mais intenso é o direcionamento de esforços e recursos para o desenvolvimento de ações” para a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), negros e indígenas. O número de prefeituras que possuem programas para esses grupos é de 130 (2,3% do total), enquanto a estimativa é que 24,9% da população pertençam a algum desses grupos.
Apenas 92 cidades, ou 1,7% do total, reconhecem direitos da população LGBT. Isso significa que 39,7 milhões de habitantes desses municípios, que representam 20,8% da população brasileira, são cobertos por alguma legislação específica. Dessas cidades, 24 estão situadas em oito regiões metropolitanas. Isso também é bacana
Direitos Humanos
A pesquisa apontou ainda que apenas 79 municípios brasileiros possuem conselhos municipais de direitos humanos, dos quais 44 não possuem sequer órgão gestor responsável por implementar uma política para o setor. Detalhe: apenas 57 desses conselhos realizaram reuniões nos 12 meses anteriores à pesquisa. Um quarto dos municípios tem algum tipo de estrutura específica para direitos humanos – no Piauí, estava presente em 75% das cidades.
Em relação às crianças, outro dado da pesquisa é que, embora o Estatuto da Criança e do Adolescente preveja que todos os municípios brasileiros devam ter pelo menos um Conselho Tutelar, em 92 cidades (21 só em Minas Gerais) eles simplesmente não existem.
Outro avanço constatado pela pesquisa foi que em dez anos foram criados novos conselhos tutelares, que foram instalados em quase todos os municípios do País (98,3%, contra 55% de 1999). Já a questão dos idosos também ganhou importância, sobretudo a partir do Estatuto do Idoso, de 2003. Hoje, quase 60% dos municípios possuem ações voltadas para este público.
Minorias étnicas também passaram a ganhar relevância pelo País nos últimos anos: atualmente, 290 municípios já reconheceram a existência de acampamentos ciganos em seus territórios, o que dá a possibilidade, segundo o instituto, de se promover inclusão sociocultural dessas comunidades.
Desigualdade racial
Da Agência Estado
A principal conclusão de um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgado no dia 03/12/09, é que a desigualdade racial é responsável por cerca de um terço da diferença de renda domiciliar per capita entre brancos e negros no país.
Segundo o documento, as regiões mais ricas do Brasil meridional apresentam maior porcentagem de pessoas brancas do que do Brasil setentrional. “Do Oiapque ao Chuí, a população embranquece e a renda aumenta”.
Entre 2004 e 2008, a diferença entre as rendas médias dos negros e dos brancos brasileiros, segundo o estudo, aumentou R$ 52,92, mas a renda média dos brancos aumentou 2,15 vezes no período, enquanto a dos negros aumentou apenas 1,99.
O Ipea alerta que juntas, a desigualdade entre regiões e a desigualdade racial respondem por algo entre um quarto e um quinto da desigualdade de renda domiciliar per capita de todo o país. Em 2008, esses dois índices respondiam por 22,3%, sendo 5,7% de desigualdade racial dentro das regiões e 16,6% de desigualdade regional.
O índice de analfabetismo entre jovens negros é duas vezes maior que entre brancos, segundo levantamento divulgado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Contudo, a distância entre os grupos encurtou nos últimos 10 anos: em 1998, o analfabetismo entre jovens negros era quase três vezes maior que entre os brancos.
No ensino médio, o número de jovens brancos que frequenta a escola é 44,5% maior em comparação ao de negros. Já no ensino superior, a frequência é cerca de três vezes maior entre os brancos. O Ipea destaca, no entanto, que houve significativa melhora no nível de adequação educacional entre os jovens negros nos últimos anos. Enquanto se observou entre os brancos certa estagnação, entre os negros a melhoria na frequência ao ensino médio é bastante significativa: em 10 anos, quase duplicou.
No que diz respeito à renda, a disparidade é alarmante. De 2004 a 2008, a diferença entre as rendas médias dos negros e dos brancos no Brasil aumentou R$ 52,92. O estudo também revela que a renda média dos brancos aumentou 2,15 vezes no período, enquanto a dos negros teve aumento de apenas 1,99 vez.
O levantamento do Ipea foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consideram-se jovens aqueles entre 15 e 29 anos, uma população que soma hoje 49,7 milhões de pessoas, cerca de 26,2% da população brasileira.
Renda familiar subiu em todas as classes sociais em 2008
De O Globo, em 03/09/09
A renda das famílias brasileiras subiu em todas as classes sociais brasileiras em 2008, frente a 2007, segundo a pesquisa “Observador Brasil 2009″, feita em parceria por Cetelem e Ipsos Public Affairs. Os dados foram apresentados na manhã desta quinta-feira pelo vice-presidente da Cetelem, Marcos Etchegoyen, no “2º Painel de Tendências”, ciclo de debates realizado realizado pelo GLOBO no auditório do jornal e mediado pela colunista Flávia Oliveira.
– A renda familiar aumentou, e, mais do que isso, aumentou a renda disponível, que são os recursos usados para poupar ou consumir – disse Etchegoven.
Segundo o estudo, o maior aumento da renda familiar em 2008, frente ao ano anterior, ocorreu na classe A/B, seguido pelo da classe C (13%) e pelo da D/E (12%). Na renda disponível, no entanto, a maior alta ocorreu na classe D/E. O montante em 2008 foi de R$ 69 mensais, mais do que três vezes o valor de R$ 22 em 2007. Na classe A/B, a alta foi de 64,8%, para R$ 834 mensais, e na classe C, de 44,2%, para R$ 212.
Para Etchegoven, 2008 foi o ano de consolidação da migração de classes no Brasil, a despeito dos efeitos da crise, que se agravou a partir de outubro.
– O ano de 2008 foi o ano da consolidação do consumo e do movimento da migração social no Brasil – afirmou o vice-presidente da Cetelem, que acredita ser possível um novo movimento no próximo ano.
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Ele disse que os anos de 2008 e 2009 poderiam ser divididos em três períodos distintos na relação do brasileiro com o consumo e que já houve uma melhora depois de uma fase crítica de percepção com a crise.
– De janeiro de 2008 a dezembro de 2009 teremos, na verdade, três anos distintos. Estamos iniciando agora este ‘terceiro ano’, pós-crise, e precisamos fazer do otimismo uma tática para conquistarmos novos consumidor – apontou Etchegoven.
Segundo Paulo Roberto Cidade, diretor de Atendimento da Ipsos Public Affairs, os dados mostram que a percepção da confiança do consumidor brasileiro foi afetada apenas nos primeiros meses deste ano, enquanto o fenômeno ocorreu antes em outros países, mas que o impacto foi menor.
– Houve há uma diferença na percepção do efeito da crise no Brasil e em outros países. Numa pesquisa que fizemos em 33 países, a confiança ainda subia no Brasil no segundo semestre do ano passado, enquanto já era afetada em outros lugares. No fim do primeiro semestre, nossa trajetória de confiança era de queda, e outros países já retomavam alta. A diferença é que a confiança aqui não caiu tanto – disse Cidade.
Para Alberto Almeida, autor do best-seller “A cabeça do brasileiro”, colunista do “Valor Econômico” e diretor do Instituto Análise, o consumo do brasileiro mudou de patamar e não haverá retrocesso.
– A tendência no futuro é mudar de novo este patamar. Mas isso não significa que teremos um mar de rosas. Há o problema da carga tributária no consumo e da educação. E até o mesmo o pré-sal pode se tornar uma maldição, se for mal usado. Temos um horizonte promissor, mas temos que enfrentar esses problemas – disse Almeida.
Já o vice-presidente da RJZ Cyrela, Rogério Jonas Zylbersztajn, afirmou que sua empresa registrou recorde de vendas de imóveis em agosto. Após um impacto inicial por causa da percepção da crise internacional, Zylbersztajn disse que os brasileiros voltaram ao mercado de imóveis.
Pesquisa da OIT revela que as mulheres e os negros sofrem mais com problemas relacionados ao trabalho
De Portal MS, 10/07/09
“A situação do negro no Brasil é alarmante!” A afirmação é da coordenadora de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial de Mato Grosso do Sul Raimunda Luzia de Brito, ao tomar conhecimento do relatório “Trabalho Decente e Juventude”, lançado no dia 1º de julho, deste ano, em Brasília (DF), pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O documento analisou a situação da juventude no país, no período de 1992 a 2006, e apresenta alguns dos principais programas brasileiros voltados para o segmento. O lançamento aconteceu durante a abertura de uma oficina sobre o tema que, junto com o relatório, irá subsidiar a elaboração da Agenda Nacional de Trabalho Decente para a Juventude. O estudo baseou-se na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e revelou que a taxa de desemprego entre os jovens é 3,2 vezes maior que a dos adultos. Em 2006, dos 22,2 milhões de jovens ativos, 3,9 milhões estavam sem ocupação.
Os grupos mais afetados pelos problemas relacionados ao trabalho são as mulheres e os negros. O déficit de emprego entre as mulheres jovens é de 70,1% contra 65,6% entre os homens da mesma faixa etária. Há diferença também entre os jovens negros (74,7%) e os jovens brancos (59,6%). Esses dados mostram, segundo a diretora do Escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, que as jovens negras vivem uma situação de dupla discriminação. De acordo com o relatório, o índice de desemprego e informalidade entre as pessoas desse grupo chega a 77,9% .
O estudo também revela que há uma diferença significativa no nível de escolaridade entre jovens brancos e negros. Enquanto apenas 7% dos jovens brancos têm baixa escolaridade, segundo o relatório esse índice chega a 16% entre os jovens negros.
Programa do governo
Ao fazer uma análise sobre o relatório divulgado pela OIT, a coordenadora da Cppir disse que a OIT é uma grande parceira dos governos Estadual, Municipal e Federal. “Está sempre colaborando e capacitando pessoal”. Raimunda também fez elogios aos programas do Governo do Mato Grosso do Sul voltados para juventude sul-mato-grossense. Dentre as diversas ações realizadas no Estado para esse seguimento, ela destacou o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – Educação, Qualificação e Ação Comunitária (ProJovem Urbano). O programa no Estado, que está sob coordenação da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas) disponibiliza três mil vagas para sete municípios (Coxim, Dourados, Naviraí, Ponta Porã, Rio Brilhante, Três Lagoas e Rio Verde de Mato Grosso).
“O ProJovem vai capacitar o jovem para o primeiro emprego. Também temos, no governo, a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Juventude, e a Fundação de Trabalho e Qualificação Profissional de Mato Grosso do Sul (Funtrab). São órgãos que estão com trabalhos também voltados para esse seguimento”, informou Brito
Negros
Porém, ao falar sobre a situação da população negra no Brasil, ela disse que é alarmante! “Primeiro, porque quem morre mais é o negro. Nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, está uma matança de jovens negros enorme!”, afirmou ela, lembrando que a maioria dos jovens negros assassinatos são jovens de 14 a 25 anos que não tinham passagens pela polícia e que estavam trabalhando em sub-empregos.
Segurança
Quanto à área da segurança pública, Raimunda disse que está aguardando uma resposta do Comandante da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e da Diretoria Geral da Polícia Civil, para participar dos cursos de formação para oficiais, que são realizados pela corporação no Estado.
Em 2008, representantes das entidades do Movimento Negro do Estado reuniram-se com o comandante geral da Polícia Militar, coronel Geraldo Garcia Orti, para tratar de assuntos sobre questão racial – violência. Segundo Raimunda de Brito um dos principais assuntos é a abordagem por parte dos policiais à população negra, e ainda, a questão racial.
“Queremos participar dos cursos que são realizados pelos oficiais militares para falarmos sobre a questão racial”, explicou a coordenadora da Cppir, que também não deixou de lembrar que agora temos uma mulher negra, delegada corregedora da Polícia Civil, na presidência do Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine). O órgão que é ligado a Setas é presidido pela delegada Marlene de Aguiar Justino da Cruz. “Isso deu uma visibilidade diferente”, comentou Raimunda.
Pesquisa mostra que cidades brasileiras gastam menos com educação
Da Redação SRZD, em 11/07/09
De acordo com o Índice de Responsabilidade Fiscal, Social e de Gestão dos Municípios Brasileiros (IRFS) divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), de 2002 a 2007, as prefeituras das cidades brasileiras reduziram suas dívidas e economizaram mais para pagá-las, porém gastaram menos em educação, saúde e cortaram investimentos.
O gasto médio de cada cidadão com as Câmaras Municipais passou de R$28,48 em 2002 para R$51,56 em 2007. De acordo com a pesquisa houve queda nas despesas com educação de 30,74% para 28,97%. Segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, nos anos eleitorais o investimento é muito maior.
Diminuiu também o gasto das cidades com saúde e o percentual da população matriculada no ensino municipal. Porém as taxas de abandono escolar caíram mais de 3%. Calculado desde 2005, o IRFS é composto por 16 indicadores, divididos nos IRFS Fiscal, Gestão e Social.
Das capitais analisadas, apenas nove estão em situação considerada boa. São Paulo aparece dentro da lista em oitavo lugar e o Rio na nona posição. O município com melhor colocação do Brasil é São José do Hortêncio (RS).
Na crise, desemprego é maior para o menos qualificado
Da Agência Estado, em 06/07/09
ANA CONCEIÇÃO
O trabalhador menos qualificado foi o mais atingido pelo desemprego na atual crise, mostra o estudo “Tecnologia, Produção e Comércio Exterior”, publicado no segundo boletim “Radar”, do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea). Em dezembro, quando o número de desempregados atingiu o maior patamar no País, dos cerca de 655 mil trabalhadores demitidos, quase 400 mil não tinham completado o ensino fundamental. O mesmo padrão foi observado em novembro e janeiro, meses em que o nível de emprego também foi negativo. A partir de fevereiro, quando começou a retomada do emprego, o número de postos criados para essa classe de trabalhadores foi menor que os demais.
“Os postos de trabalho para aqueles profissionais menos qualificados foram os primeiros a desaparecer e os últimos a serem recuperados”, comentou Márcio Wohlers, diretor de Estudos Setoriais do Ipea. Ele observou a forte queda da produção industrial foi determinante para isso. “Quando se reduz a produção, o chão de fábrica é o primeiro a sentir os efeitos”. Na outra ponta, os trabalhadores mais qualificados tendem a ser preservados, por conta do conhecimento técnico e do treinamento que carregam consigo, observou.
O desemprego entre os trabalhadores com ensino superior completo se manteve relativamente estável diante da crise e o primeiro a apresentar recuperação, de acordo com a pesquisa do Ipea, realizada com base nos números do Cadastro Geral de Trabalhadores Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Wohlers alertou que os números positivos de emprego – saldo de 106.205 postos criados em abril, no último dado disponível – não estão embutindo ganho de massa salarial, pelo contrário. “Os trabalhadores estão sendo contratados a salários mais baixos. O emprego cresce, mas a massa salarial continua bastante negativa e segue muito aquém dos níveis de 2008″, afirmou durante a apresentação do segundo boletim Radar, na Fiesp.
A queda da massa salarial – que de outubro de 2008 a abril de 2009 atingiu R$ 1,3 bilhão – indica que a recuperação da crise via mercado interno será bastante lenta, afirma Wohlers. A plena recuperação do emprego e do salário deverá ocorrer junto com produção industrial, que vive um de seus piores períodos. Dados divulgados pela Fiesp na semana passada mostraram que a produção industrial paulista deverá recuar cerca de 7,5% em 2009, mesmo se houver crescimento positivo nos meses de junho a dezembro.