Renda familiar subiu em todas as classes sociais em 2008
De O Globo, em 03/09/09
A renda das famílias brasileiras subiu em todas as classes sociais brasileiras em 2008, frente a 2007, segundo a pesquisa “Observador Brasil 2009″, feita em parceria por Cetelem e Ipsos Public Affairs. Os dados foram apresentados na manhã desta quinta-feira pelo vice-presidente da Cetelem, Marcos Etchegoyen, no “2º Painel de Tendências”, ciclo de debates realizado realizado pelo GLOBO no auditório do jornal e mediado pela colunista Flávia Oliveira.
– A renda familiar aumentou, e, mais do que isso, aumentou a renda disponível, que são os recursos usados para poupar ou consumir – disse Etchegoven.
Segundo o estudo, o maior aumento da renda familiar em 2008, frente ao ano anterior, ocorreu na classe A/B, seguido pelo da classe C (13%) e pelo da D/E (12%). Na renda disponível, no entanto, a maior alta ocorreu na classe D/E. O montante em 2008 foi de R$ 69 mensais, mais do que três vezes o valor de R$ 22 em 2007. Na classe A/B, a alta foi de 64,8%, para R$ 834 mensais, e na classe C, de 44,2%, para R$ 212.
Para Etchegoven, 2008 foi o ano de consolidação da migração de classes no Brasil, a despeito dos efeitos da crise, que se agravou a partir de outubro.
– O ano de 2008 foi o ano da consolidação do consumo e do movimento da migração social no Brasil – afirmou o vice-presidente da Cetelem, que acredita ser possível um novo movimento no próximo ano.
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Ele disse que os anos de 2008 e 2009 poderiam ser divididos em três períodos distintos na relação do brasileiro com o consumo e que já houve uma melhora depois de uma fase crítica de percepção com a crise.
– De janeiro de 2008 a dezembro de 2009 teremos, na verdade, três anos distintos. Estamos iniciando agora este ‘terceiro ano’, pós-crise, e precisamos fazer do otimismo uma tática para conquistarmos novos consumidor – apontou Etchegoven.
Segundo Paulo Roberto Cidade, diretor de Atendimento da Ipsos Public Affairs, os dados mostram que a percepção da confiança do consumidor brasileiro foi afetada apenas nos primeiros meses deste ano, enquanto o fenômeno ocorreu antes em outros países, mas que o impacto foi menor.
– Houve há uma diferença na percepção do efeito da crise no Brasil e em outros países. Numa pesquisa que fizemos em 33 países, a confiança ainda subia no Brasil no segundo semestre do ano passado, enquanto já era afetada em outros lugares. No fim do primeiro semestre, nossa trajetória de confiança era de queda, e outros países já retomavam alta. A diferença é que a confiança aqui não caiu tanto – disse Cidade.
Para Alberto Almeida, autor do best-seller “A cabeça do brasileiro”, colunista do “Valor Econômico” e diretor do Instituto Análise, o consumo do brasileiro mudou de patamar e não haverá retrocesso.
– A tendência no futuro é mudar de novo este patamar. Mas isso não significa que teremos um mar de rosas. Há o problema da carga tributária no consumo e da educação. E até o mesmo o pré-sal pode se tornar uma maldição, se for mal usado. Temos um horizonte promissor, mas temos que enfrentar esses problemas – disse Almeida.
Já o vice-presidente da RJZ Cyrela, Rogério Jonas Zylbersztajn, afirmou que sua empresa registrou recorde de vendas de imóveis em agosto. Após um impacto inicial por causa da percepção da crise internacional, Zylbersztajn disse que os brasileiros voltaram ao mercado de imóveis.