Day: 29 de maio de 2010

Pesquisa revela como empresas utilizam mídias sociais

Do site Administradores, em 28/05/10

Um estudo realizado pela Deloitte entre fevereiro e março deste ano revela como as empresas têm utilizado as mídias sociais para interagir com seus públicos. A pesquisa mostra que as ações de marketing são maioria nas estratégias voltadas para esses espaços do mundo virtual e que as organizações ainda os aproveitam pouco enquanto plataforma de relacionamento.

Segundo a Deloitte, entre as 302 empresas que participaram do levantamento, 70% afirmaram utilizar alguma ferramenta do mundo virtual. Entre elas, as ações de marketing são as mais realizadas (83%). Apenas 46% utilizam as mídias sociais para capturar oportunidades, 43% para dar suporte aos clientes e 17% para desenvolvimento de inovação por meio de inteligência coletiva. Segundo Fabio Cipriani, gerente responsável pela prática de consultoria em Mídias Sociais da Deloitte, a atenção ao marketing é maior que a dada a outros tipos de atividade porque “as mídias sociais representam um canal de comunicação que atinge milhares de pessoas e a um baixo custo”.

Os departamentos de marketing são responsáveis pelas ações de mídias sociais em 73% das empresas. A diretoria e o setor de comunicação são os que menos se envolvem (5% e 6%, respectivamente), e em apenas 26% das organizações há mais de um departamento envolvido com os canais online.

Outros dados interessantes são os que se referem ao acompanhamento das mídias sociais pelas empresas. Entre as participantes da pesquisa, poucas afirmaram utilizar métricas de estratégia como valor da marca (24%), retorno sobre o investimento (ROI) (18%) e Net promoter score (ferramenta que avalia a fidelização no relacionamento com os clientes) (6%). As preocupações maiores apontadas foram com relação ao número de visitantes recorrentes (71%), visualização de páginas (63%) e frequência de visitas (59%).

Com relação aos segmentos do mercado que mais utilizam as redes sociais, o de serviços aparece em primeiro lugar (38,1%), seguido pelo de varejo, bens de consumo & transporte (20%). O de tecnologia, mídia & telecomunicações aparece em terceiro (19%).

As mídias tipo rede (como Orkut e Facebook) são as mais utilizadas (81%) nas empresas. Mas, os microblogs (como o Twitter) já respondem por 79% e devem assumir a dianteira em breve. Os blogs corporativos aparecem em terceiro, com 70%.

O estudo foi realizado com 302 empresas de diversos segmentos e portes. São Paulo apresentou a maior concentração de respondentes (63%), seguido pelo Rio de Janeiro (7%) e Minas Gerais (6%). 16% das participantes foram companhias multinacionais, e as restantes, 84%, nacionais.

Para ver o relatório da pesquisa na íntegra, clique aqui.

“Socialism” Not So Negative, “Capitalism” Not So Positive – A Political Rhetoric Test

por Charles Derber, em CommonDreams
Tradução de Caia Fittipaldi

Reza a sabedoria convencional que os EUA são país de centro-direita. Pois recente pesquisa conduzida pelo Pew Institute lança dúvidas sobre essa ideia. Alastram-se nos EUA muitas dúvidas e muito ceticismo sobre o capitalismo; e o apoio a alternativas socialistas emerge como força majoritária na nova geração de norte-americanos.

Realizada no final de abril e com resultados divulgados dia 4/5/2010, a pesquisa do Pew – provavelmente a mais respeitada instituição de pesquisas sociais no mundo – entrevistou mais de 1.500 norte-americanos escolhidos ao acaso e anotou as reações a expressões como “capitalismo”, “socialismo”, “movimentos progressistas”, “movimentos de cidadãos” e “milícias”.

As descobertas mais surpreendentes têm a ver com as reações a “capitalismo” e “socialismo”. Não se pode saber com certeza o que as pessoas pressupõem ao usar essas palavras; os resultados, portanto, têm de ser interpretados com cautela e no contexto de outras atitudes mais específicas em questões práticas da vida diária, como adiante se discute.

O Instituto Pew resume os resultados já no título da pesquisa: “Nem o socialismo é tão ruim, nem o capitalismo é tão bom.” De fato, o drama subjacente a alguns dos dados é bem mais complexo que isso.

Sim, o “capitalismo” ainda é visto positivamente pela maioria dos norte-americanos. Mas por uma pequena maioria. 52% dos norte-americanos reagiram positivamente àquela palavra. 37% mostraram reação de recusa; o restante disse que “não tem certeza”.

Há um ano, pesquisa do grupo Rasmussen chegou a resultados bem semelhantes. Naquela época, apenas 53% dos norte-americanos descreveram o capitalismo como “superior” ao socialismo.

Pela pesquisa Pew, agora, 29% dos norte-americanos reagiram positivamente à palavra “socialismo”. A quantidade dos positivos aumenta muito, quando se consideram alguns subgrupos-chave. Pesquisa do Gallup, em 2010, descobriu que 37% do total dos norte-americanos consideram o socialismo “superior” ao capitalismo.

É preciso ter em mente que esses números refletem um panorama geral muito amplo da opinião pública, em momento no qual as ideias da Direita dominam os meios de comunicação – com o “Movimento Tea Party” apresentado como barômetro da opinião pública média nos EUA. Pesquisa que se faça nesse momento, absolutamente não sugere um país socialista; mas, tampouco, um país apaixonado pelo capitalismo.

Os EUA não vivem tempos de dominação de alguma “centro-direita”. O que se vê é que quase metade da população ou ainda não se decidiu sobre a questão, ou está posicionada claramente contra o capitalismo. Alguns Republicanos e o Movimento Tea Party classificariam esse país, sem vacilar, como “país comunista”!

E a coisa fica ainda mais interessante, se se consideram dois subgrupos vitalmente importantes: de um lado, os jovens, “a geração do milênio”, hoje entre 18-30 anos. Na pesquisa do Instituto Pew, apenas 43% dos jovens com menos de 30 anos consideram positivamente o “capitalismo”.Mais surpreendentemente, 43% do mesmo grupo considera positivo “o socialismo”. Em outras palavras, a nova geração está rachada, praticamente ao meio, entre capitalismo e socialismo.

Os três institutos de pesquisa, Pew, Gallup e Rasmussen chegaram à mesma conclusão. Os jovens norte-americanos já não podem ser considerados como “geração capitalista”. São metade capitalistas, metade socialistas. Dado que continua a aumentar o número de jovens que reagem positivamente a “socialismo”, pode-se concluir – dependendo, é claro, do que se entenda por “socialismo” – que os EUA caminham para converter-se em país de Centro-esquerda ou, de fato, de maioria socialista.

Consideremos agora os partidos Republicano e Democrata. 62% dos Republicanos na pesquisa Pew consideram positivamente “o capitalismo”, mas 81% consideram positivo “o livre mercado” – o que sugere que há importante diferença de conceito, para os Republicanos, entre capitalismo e livre mercado. Até os Republicanos preferem pequenas empresas a grandes empresas, mas a diferença é pequena entre os que veem positivamente e os que veem negativamente as grandes empresas – o que para muitos, por boas razões, sugere que a força monopolística do capitalismo está minando o bom conceito de que gozaram os livres mercados.

A parte mais interessante, contudo, é a dos Democratas. Nos últimos tempos, nos EUA, todos ouvimos falar incessantemente dos “Blue Dog Democrats*”. Ao contrário do que faz crer o barulho que a mídia faz em torno deles, são minoritários entre os eleitores. A pesquisa Pew revelou que a base dos Democratas é surpreendentemente progressista. No mínimo, estão divididos quase exatamente ao meio, na avaliação positiva para “capitalismo” e “socialismo”. 47% dos eleitores Democratas veem “capitalismo” como positivo; 53%, como negativo. E 44% dos eleitores Democratas veem “socialismo” como positivo – ond e se vê que a negatividade sobre “capitalismo” correlaciona-se à positividade sobre “socialismo”.

Mais do que isso, vários subgrupos reagem negativamente a “capitalismo”. Menos de 50% das mulheres, os grupos de baixa-renda e os grupos de mais baixa escolaridade descrevem “capitalismo” como positivo.

A realidade, ao contrário, outra vez do que se ouve, é que Obama parece ter, sim, forte base progressista que se pode mobilizar. De fato, a palavra “progressista”, como mostra a pesquisa Pew, é um dos termos mais positivamente considerados de todo o vocabulário político norte-americano. – Substancial maioria, em praticamente todos os subgrupos, definem “progressista” como positivo.

Pode-se argumentar que nada disso significa coisa alguma, porque não se pode saber como os entrevistados definem “capitalismo” e “socialismo”. Mas nas pesquisas que tenho feito, publicadas em livros recentes como The New Feminized Majority e Morality Wars, e várias atitudes registradas em pesquisas para investigar questões concretas ao longo dos últimos 30 anos confirmam as conclusões da pesquisa Pew, pelo menos no que tenha a ver com os EUA estarem a caminho de converter-se em país de Centro-esquerda.

Em praticamente todas as grandes questões sociais — do apoio aos sindicatos e lutas pelo salário mínino, preferir vias diplomáticas à guerra, preocupação com o meio ambiente, opinião de que o “big business” está corrompendo a democracia, ao apoio aos principais programas sociais do governo –, inclusive Seguridade Social e Saúde Pública, a posição dos mais progressistas tem-se mantido consistentemente forte e relativamente estável. Se se entender que “socialismo” pode bem significar “apoio a esses programas”, facilmente se pode concluir que, sim, os EUA caminham para converter-se em país de centro-esquerda.

Se o socialismo significa alternativa genuína de sistema, então os EUA, sobretudo os jovens, estão emergindo como país majoritariamente social-democrata, ou, no mínimo, como país que deseja uma ordem mais cooperativa, mais verde, mais pacífica e socialmente mais justa.

As duas interpretações são, como todas as interpretações, manifestações de desejos. Mas ajudam a garantir aos progressistas que, mesmo na “Era do Movimento Tea Party”, apesar dos muitos perigos e da concentração sempre maior do poder e da riqueza das grandes empresas, ainda há base, na população, para implantar melhores políticas progressistas. Temos de mobilizar a população, fazê-los entender o que de fato são e podem; e por o governo Obama e o Partido Democrata desmoralizado em ‘fogo alto’, para fazê-los pular. Se fracassarmos, a Direita assumirá as rédeas e imporá seu monopólio capitalista sobre uma população de eleitores desentendidos, desorientados e mal informados.

* São os 52 deputados Democratas considerados ‘linha dura’, que fizeram oposição à reforma da Saúde do presidente Obama e à regulação dos mercados. Para saber mais, ver “A Brief History of the Blue Dog Democrats”, Claire Suddath, 28/7/2009, Time, em http://www.time.com/time/politics/article0,8599,1913057,00.html

Charles Derber é professor de Sociologia no Boston College. É autor de Corporation Nation and Greed to Green. Trabalha atualmente na coordenação do Projeto Majority Agenda (http://MajorityAgendaProject.org/ i…@majorityagendaproject.org)